sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A espiritualidade de Confúcio

Depois de muito tempo sem postagens próprias, aqui está um texto de minha autoria. Espero que gostem! Se puder, deixe sua opinião!

A espiritualidade de Confúcio

Aqui no ocidente é comum associar o nome de Confúcio a um pensador político, pois de fato seu pensamento influenciou muitos líderes da China (e influencia até hoje). Procurando um pouco pela internet, vemos Confúcio representado como “Pregador moralista, tratadista e legislador”. Talvez por isso as traduções que temos de seus Analectos parecem buscar esse sentido político – mas os ensinamentos dos analectos também possuem uma profundidade espiritual. Vejamos como exemplo esse analecto:

O Mestre disse: “Enquanto o cavalheiro acalenta o bom governo, o homem vulgar acalenta sua terra natal. Enquanto o cavalheiro acalenta respeito pela lei, o homem vulgar acalenta o tratamento generoso”

Numa primeira interpretação, podemos pensar que se trata de um elogio ao homem que respeita as leis e se preocupa com o governo. Mas aonde está escrito “o bom governo” poderíamos substituir por “virtude”, partindo do texto original em chinês(não possuo o original em mãos agora, mas se houver interesse posso transcrevê-lo aqui depois). Temos um novo sentido para a frase: Enquanto o cavalheiro acalenta a virtude, o homem vulgar acalenta sua terra natal. O que essa nova frase quer dizer é que o “cavalheiro” (君子- Jun zi, um homem que segue a consciência divina) mantêm no seu íntimo e cultiva a Virtude, ou o mandado divino, e não se apega a bens materiais; Seu objetivo é revelar a verdade divina ao mundo(dado esse conceito, acho a palavra “cavalheiro” pouco apropriada, embora seja a tradução “correta”. Vou utilizar o termo cultivador, no sentido de cultivador da Virtude). Já o homem vulgar (小人- Xiao rén, homem pequeno) mantém-se apegado à sua posse de terra, visando o lucro. Pode-se dizer ainda que a “terra natal” do Xiao rén seja o próprio planeta Terra, porque permanece preso no ciclo de reencarnações. A segunda frase também pode induzir ao erro. Pode-se até achar que o homem vulgar é superior ao cavalheiro (homem pequeno superior ao cultivador), pois o valoriza o tratamento generoso com o próximo acima de leis e regras. Mas não é isso que Confúcio queria dizer. O “tratamento generoso” referido aqui é a adulação àqueles que possuem fama e/ou riqueza, visando interesses. O “respeito pela lei” do cultivador é o respeito pela Lei Divina, o respeito pela Verdade e a honestidade, jamais fazendo ou aceitando tal comportamento. Os analectos contém muitos trechos de doutrina moral, podendo ser comparado a Moisés e seus 10 mandamentos. O fato é que dos 3000 alunos que Confúcio teve, poucos eram capazes de apreender o Tao; muitos analectos são ditames e regras para uma conduta correta, para guiar o povo – mas o verdadeiro homem benevolente conhece a verdade dentro de si, e se guia através dela. Sua bondade não é algo exterior; ele não pratica a bondade para ser bom, mas ele já é bom, então tudo que faz é bondade. É desse tipo de homem que falam Jesus, Buda e tantos outros homens sábios de nossa história – e Confúcio também. Ainda assim, os analectos possuem um significado espiritual profundo na base de seus ensinamentos, que é a busca do homem pelo conhecimento de si mesmo.

Leia mais >>

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Fim da inimizade

"Abusaram de mim e me machucaram,
Me derrotaram e roubaram".
Naqueles que abrigam tais pensamentos,
A inimizade nunca termina.

"Abusaram de mim e me machucaram,
Me derrotaram e roubaram".
Naqueles que não abrigam tais pensamentos,
A inimizade será apaziguada.

Porque a inimizade não pode jamais
Ter um fim através da inimizade.
A não-inimizade paralisa a inimizade --
Esta é uma verdade além do tempo.
Buda Shakyamuni
Dhammapada 1 | 3-5

------------------------

Retirado do Samsara blog.

Leia mais >>

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Autodescoberta

"O esplendor de uma pessoa que descobriu tudo o que se passa dentro dela é extraordinário porque, ao se tornar consciente, tudo que é falso desaparece e tudo que é real desabrocha.

Exceto isso , não existe nenhuma transformação radical possível.

Nenhuma religião pode lhe dar isso, nenhum messias pode lhe dar isso.

É um presente que você tem que se dar."

-Osho

Leia mais >>

sábado, 8 de novembro de 2008

Auto-aceitação

Você não pode melhorar a si mesmo. Não estou dizendo que não é possível melhorar, apenas que você não pode melhorar a si mesmo. Quando você pára de se melhorar, a vida melhora você. Nesse relaxamento, nessa aceitação, a vida começa a fluir por você.

Ninguém jamais foi como você, e ninguém jamais será como você. Você é simplesmente único, incomparável. Aceite isso, ame isso, celebre isso – e dentro desta própria celebração você começará a ver a singularidade dos outros, a incomparável beleza dos outros. O amor só é possível quando há uma aceitação profunda de si mesmo, do outro, do mundo. A aceitação cria um meio em que o amor cresce, é o solo em que o amor floresce.

O AMOR-PERFEITO NO JARDIM DO REI


Ouvi a seguinte história:
Um rei passeou por seu jardim e encontrou suas árvores, arbustos e flores murchos, quase morrendo. O carvalho disse que estava morrendo porque não podia ser tão alto quanto o pinho. Virando-se para o pinho, percebeu que estava murcho porque não podia dar umas como uma videira. A videira, por sua vez, estava morrendo porque não podia florescer como a roseira. Mas encontrou o amor-perfeito florescente e muito viscoso. Ao perguntar, recebeu a seguinte resposta:
“Acreditei que ao me plantar, você quisesse um amor-perfeito. Se houvesse desejado um carvalho, uma videira ou uma roseira, teria plantado um deles. Então pensei: já que você havia me colocado aqui, deveria fazer o melhor para ser aquilo que você deseja. Não posso ser nada além daquilo que sou, e estou tentando sê-lo da melhor forma que me é possível.”
Você está a que porque a existência precisa de você tal como é. Caso contrário, outra pessoa estaria aqui! A existência não teria ajudado você a estar aqui, não o teria criado. Você está cumprindo algo muito essencial, muito fundamental, ao ser como é.
Se Deus quisesse um Buda, ele teria produzido tantos Budas quantos desejasse. Produziu um único Buda – isso bastou, ele ficou satisfeito consigo mesmo, profundamente satisfeito. Desde então ele não produziu outro Buda ou outro Cristo. Em vez disso, criou você. Pare e pense no respeito que o Universo lhe atribuiu! Você foi escolhido, não Buda, não Cristo, não Krishna.
Você será mais necessário, essa é a razão.Você encaixa melhor agora. O trabalho deles já foi feito, contribuíram com suas fragrâncias para a existência. Agora você deve contribuir com sua própria fragrância.
Contudo, os moralistas, os puritanos, os padres, todos continuam querendo lhe ensinar lições, querem deixar você maluco. Dizem à rosa: “Torne-se um lótus.” E dizem ao lótus: “O que você está fazendo aqui? Você deve se tornar alguma outra coisa.” Deixam todo o jardim louco e tudo começa a morrer, porque ninguém pode ser outra pessoa, isso não é possível.
Foi isso que aconteceu à humanidade. Todos estão fingindo. A autenticidade se perdeu, todos tentam ser outra pessoa.
Olhe para si mesmo: você está fingindo ser outra pessoa. Mas só pode ser você mesmo, não há outra forma, nunca houve, não é possível ser outra pessoa. Você permanecerá sendo você mesmo. Pode divertir-se com isso e florescer, ou pode secar aos poucos caso condene aquilo que você é.

Leia mais >>

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

As Quatro Nobre Verdades

Um dos principais textos do budismo. Retirado do blog Teoria da Conspiração do Wordpress.

-------------------------------------------------------

Assim foi dito por Budha o iluminado.
Por não compreender e não realizar quatro coisas, que eu, da mesma forma que vocês, tivemos que vagar tão longamente através desta roda dos renascimentos.
E quais são essas quatro coisas?

1- A nobre verdade do sofrimento.
2- A nobre verdade da causa do sofrimento.
3- A nobre verdade da extinção da causa do sofrimento.
4- A nobre verdade da senda que leva à extinção do sofrimento.

Enquanto o absoluto e verdadeiro conhecimento e introspecção relativos a estas Quatro Nobres Verdades não estavam perfeitamente claros em mim, eu não estava certo que tinha atingido a suprema iluminação que é insuperável em todo o mundo.

Mas tão logo o absoluto e verdadeiro conhecimento e introspecção relativos a estas Quatro Nobres Verdades se tornaram perfeitamente claros em mim, surgiu a certeza que tinha atingido esta suprema iluminação insuperável.

Então descobri essa profunda verdade, tão difícil de perceber, difícil de compreender, tranqüilizante e sublime à qual não é para ser ganho por mero intelecto e é visível apenas ao sábio.

1ª - A Nobre Verdade do Sofrimento
Nascimento é sofrimento, doença é sofrimento, morte é sofrimento, tristeza, lamentação, dor, pesar e desespero são sofrimento. Não ter o que se deseja é sofrimento, separação do que se deseja é sofrimento, união com o que não se deseja é sofrimento. Saudade é sofrimento, ser escravo de um passado já morto e um futuro inexistente é sofrimento. Ser presa fácil de estímulos exteriores de toda ordem é sofrimento. Quando sopram os ventos da sensibilidade nós vamos cegamente a sensualidade, quando sopram os ventos da raiva nós vamos cegamente a violência, quando sopram os ventos da agitação e preocupação nós vamos cegamente em direção a ansiedade e angústia, quando sopram os ventos da dúvida nós vamos cegamente ao ceticismo.

Todo sofrimento, assim como toda a nossa felicidade está na própria mente, pois nenhum inimigo nos poderá fazer tão infelizes quanto nossa mente mal dirigida. Também nenhum parente, seja pai, mãe ou irmão nos tornará tão felizes quanto nossa própria mente bem dirigida.

Em resumo, os cinco agregados da existência quando objetos de apego, isto é, quando tomados como “eu” e “meu” são sofrimento.

Os cinco agregados da existência são: corpo, sensações, percepções, consciência e formações mentais.

2ª - A Nobre Verdade da Causa do Sofrimento
Qual é a causa do sofrimento? é a ignorância, o desejo, o apego, a cobiça, o ódio, e a ilusão. Mas aonde o desejo e a ignorância surgem? aonde estão suas raízes? Aonde houver coisas deliciosas e agradáveis lá o desejo e ignorância surgem, lá eles têm as suas raízes.

Visão, audição, olfato, paladar, tato e a mente são deliciosos e agradáveis lá o desejo e a ignorância surgem, lá eles fincam raízes. Quando percebemos um objeto pela visão, se o objeto é agradável a pessoa é atraída e se é desagradável a pessoa o repele.

Então, seja qual for a sensação que experimente, se a pessoa o aprova e acha agradável então a sensação condiciona o desejo, e desejando a pessoa se apega ao objeto desejado. Então o desejo condiciona o apego. Quando a pessoa se apega ela irá agir pela palavra ou pelo o corpo para possuir o objeto desejado.

Deste modo, então o apego condiciona a ação (Karma) ou processo de vir a ser. O processo de vir a ser (ou existência) condiciona o nascimento.

Dependendo do nascimento, a decadência e a morte, tristeza e lamentação dor e pesar, ressentimento e desespero.
Assim surge essa imensa massa de sofrimento.

3ª - A Nobre Verdade da Extinção da Causa do Sofrimento
O que é a extinção do sofrimento? É a completa erradicação e desaparecimento da ignorância, desejo, apego, cobiça, ódio e ilusão e em conseqüência o abandono e libertação da ilusão do EU e do MEU.
Com a extinção da ignorância o desejo é extinguido.
Pela cessação do desejo cessa-se o apego.
Pela cessação do apego o processo de vir a ser ou as ações (Karma) é extinguido.
Pela cessação de vir a ser ou existência, o nascimento é extinguido.
Pela cessação do nascimento, a decadência e a morte, tristeza e a lamentação, dor pesar, ressentimento e desespero serão extinguidos.
Assim se dá a extinção de toda esta massa se sofrimento.

Nirvana
Isso verdadeiramente é a paz, isto é, o mais elevado a saber o fim de todas as formações Kármicas, o abandono de todo substrato de ressarcimento, o fim da ignorância, do desejo, e apego, da cobiça, ódio e ilusão.
Encantado pelo desejo, irado pela cobiça, vendado pela ilusão, derrotado com a mente enganada, o homem, pela ignorância provoca a sua própria ruína, a ruína de outros e a ruína de ambos, e ele experimentará sofrimento mental e pesar. Mas se a ignorância e desejo e apego, cobiça, ódio, e ilusão forem abandonados, o homem não mais provocará a sua própria ruína, a ruína de outros, nem a ruína de ambos, não mais experimentando sofrimento mental e pesar.
Assim é o Nirvana, imediato, visível nesta vida, convidado, atrativo e compreensível apenas pelo sábio.
A extinção completa, total e global, sem deixar qualquer vestígio da ignorância, desejo e apego, cobiça, ódio e ilusão, isto verdadeiramente é chamado de NIBBANA.

O Arahat (Monge) - O Santo Sábio e Iluminado
E para o discípulo assim livre, em cujo coração reina a paz não há nada mais a ser acrescentado àquilo que ele já faz, nem nada mais resta para ele a fazer. Como uma sólida massa de rocha. Formas visuais ou sons, odores ou gostos, contatos de qualquer natureza, o desejável ou o indesejável, nada poderá fazê-lo entrar em vibração, inabalável está a sua mente. Foi ganha a libertação.
E ele que já atingiu o supremo equilíbrio e equanimidade à todas as coisas deste mundo, não é mais perturbado por nada, seja o que for. Ele está livre da raiva, da tristeza e da saudade, ele passou além do nascimento, decadência e morte.

4ª - Nobre Verdade da Senda que Leva à Extinção do Sofrimento
Os dois extremos e a Senda do meio. Os prazeres sensuais, o comum, o vulgar, o mundano, sem qualquer sentido para o progresso na Senda espiritual. Ou:
A mortificação do corpo que é dolorosa e também sem vantagem qualquer para a vida santa.
Ambos estes extremos, o iluminado evitou e descobriu a Senda Média, a qual propícia qualquer um ver e a compreender, leva à paz, ao discernimento, a iluminação e ao NIBBANA.
E qual é a Senda do Meio? É a nobre Senda Óctupla:

1) Palavra Correta
2) Ação Correta
3) Meio de Vida Correto (Moralidade)
4) Esforço Correto
5) Plena Atenção Correta
6) Concentração Correta (Concentração)
7) Correta Compreensão
8) Correto Pensamento (Sabedoria)

Livre da dor e tortura é esta Senda, livre de lamentos e sofrimento uma Senda perfeita. Verdadeiramente, como esta Senda não existe outra para a purificação dos seres. Se você seguir está Senda porá fim ao sofrimento. Mas cada um tem que lutar por si próprio, o iluminado apenas aponta o caminho.

1) Palavra Correta
a) Abster-se de mentir e de Caluniar.
b) Abster-se de levar e de trazer conversas que causem desarmonia e discórdia.
c) Abster-se de palavras pesadas, duras e ofensivas.
d) Abster-se de tagarelice e de conversas frívolas.

2) Ação correta
a) Abster-se de destruir os seres vivo, isto é, não matar.
b) Abster-se de pegar para nós aquilo que não nos pertence, isto é, não roubar.
c) Abster-se de errôneo comportamento sexual ( infidelidade, adultério etc.)
d) Abster-se de tóxicos e de bebidas alcoólicas que entorpeçam a mente.

3) Meio de vida correto
Abster-se de profissões como:
a) caçador, pescador, abatedor;
b) comércio de armas e drogas, bebidas, cigarros etc.
O meio de vida deve ser honesto, para o bem comum e nunca prejudicando e explorando nosso semelhante.

4) Esforço Correto
a) O Esforço de evitar o mal.
b) O Esforço de superar o mal.
c) O Esforço de fazer surgir o bem.
d) O Esforço de manter e de desenvolver o bem.

5) Plena Atenção Correta
a) Atenção sobre o corpo
b) Atenção sobre as sensações .
c) Atenção sobre os estados de consciência.
d) Atenção sobre os objetos da mente.

6) Concentração Correta
A concentração é a mente unipolarizada, isto é: mente voltada para um único ponto.
Existem cinco obstáculos para o desenvolvimento da concentração:
l - Sensualidade (luxúria)
II - Raiva, ira, ódio.
III - Sonolência, preguiça e torpor.
IV - Agitação e preocupação.
V - Dúvida

7) Correta Compreensão
a) Compreender as quatros nobres verdades.
b) Compreender as três características da existência.
c) Compreender as ações meritórias e a raiz dessas ações.
d) Compreender as ações demeritórias e a raiz dessas ações.

a) As Quatros Nobres Verdades
O homem comum, desprovido de correta compreensão, é ignorante dos ensinamentos dos homens Santos e não é treinado na nobre doutrina. Seu coração é possuído e dominado pela:

1) Ilusão da existência de um eu;
2) Pela dúvida;
3) Pelo apego e meras regras e rituais;
4) Pelo desejo sensual;
5) Pela raiva.

E como livrar-se destas coisas ele não sabe! Não sabendo o que é digno de considerações e o que é indigno (para libertar-se desses cinco grilhões) ele acaba considerando justamente o que é indigno e não o que é digno.

E pela ignorância ele se preocupa e reflete dessa maneira:
O mundo é eterno ou temporal? Finito ou infinito? O princípio vital é idêntico ao corpo ou alguma coisa diferente? O Buda continuará depois a morte ou não? Eu existi no passado ou não existi numa vida passada? O que eu fui na vida passada? Quem eu fui na vida passada? Eu existirei numa vida futura ou eu não existirei numa vida futura? Eu sou ou eu não sou? O que sou eu? Como sou eu? Este ser, de onde ele veio, para onde vai? “Sábias” Considerações!

O instruído e nobre discípulo entretanto, que sabe os ensinamentos dos homens Santos e é bem treinado na nobre doutrina; compreende o que é digno de consideração e o que é indigno. E assim sabendo, ele considera o digno e não o indigno.

O que é sofrimento, ele sabiamente considera.
O que é a origem do sofrimento, ele sabiamente considera.
O que é a extinção do sofrimento, ele sabiamente considera.
Qual é a Senda que leva a extinção do sofrimento, ele sabiamente considera.

b) As três características da existência são:

1) Impermanência
2) Insatisfatoriedade
3) Impessoalidade

O corpo é impermanente, as sensações, são impermanentes, as percepções são impermanentes, as formas mentais são impermanentes, e as consciências são impermanentes. E tudo o que é impermanente é sujeito ao sofrimento e mudança, não se pode corretamente dizer:

isto pertence a mim,
isto sou eu,
isto é o meu ego.

Assim como a bolha d’água é oca, vazia e insubstanciável, da mesma forma todos os fenômenos psíco-físicos são também ocos, vazios e sem um ego.

c) As ações Meritórias são de três tipos:
1) Pelo corpo, o mesmo que ação correta.
2) Pelo o verbo, o mesmo que Palavra Correta.
3) Pela mente, o mesmo que Pensamento Correto.

Quais são as raízes das Ações Meritórias:
1) Renúncia
2) Desapego
3) Boa vontade
4) Benevolência
5) Generosidade
6) Moralidade
7) Meditação
8) Reverência, gratidão e respeito
9) Serviço inegoísta ao próximo
10) Transferência de mérito
11) Alegrar-se com o sucesso e o mérito de outros.
12) Ouvir o Dhamma (Doutrina)
13) Expor o Dhamma
14) Ter corretos pontos de vista e correta compreensão
15) Gratidão
16) Respeito.

As Ações Demeritórias são também de três tipos:
1) Pelo corpo: destruir seres vivos roubar e explorar, adultério, ingerir tóxicos e bebidas alcoólicas.
2) Pelo verbo: mentir e caluniar, levar e trazer conversas, palavras pesadas, duras e ofensivas, tagarelice e conversas frívolas.
3) Pela mente: cobiça-egoísmo, vaidade, má vontade, ódio e raiva, errôneos pontos de vista

As raízes das Ações Demeritórias são:
Cobiça, ódio, ilusão ou ignorância, egoísmo. .

8) Pensamento Correto

São todos os pensamentos baseados na renúncia e desapego, tais como:
Boa vontade, benevolência e amor.
Bondade e camaradagem.
Correta compreensão e corretos pontos de vista.

Todo pensamento que for motivado pela Cobiça, Ódio, ilusão e ignorância, egoísmo, vaidade, inveja etc. Serão necessariamente pensamentos incorretos.

Que todos os seres que estejam em sofrimento, possam se libertar do seu sofrimento.
Que todos os seres que estejam inseguros e com medo, possam se libertar de sua insegurança e do seu temor.
Que todos os seres que estejam tristes e em lamento, passam se libertar de sua tristeza e da sua lamentação.

Pela realização dessas afirmações que todos os seres, sem nenhuma exceção, possam se sentir verdadeiramente muito bem e muito felizes.

Por Gassho

Leia mais >>

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Zeitgeist Addendum

Continuação do Documentário ZeitGeist. Muito interessante... O link é pra outro blog, que tem os links para os vídeos no Youtube desse e do primeiro filme.



Até mais!

Leia mais >>

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Thich Nhat Hanh

Encontrei hoje um blog brasileiro sobre o monge Thich Nhat Hanh. Esse monge viveu os horrores da guerra do Vietnam, sua terra natal, mas superou toda a ira e hoje trabalha aconselhando lideres politicos (e pessoas comuns também) para uma vida mais harmoniosa, e um mundo mais pacífico. Sua história de vida é muito bonita. Vale a pena visitar o blog e conhecer mais:


http://interserblog.blogspot.com/


Eu cheguei.

Tenho aqui 

No agora

O meu lar.

Eu sou firme.

Eu sou livre.

Eu habito no absoluto.




Thich Nhat Hanh - Meditação Andando

Leia mais >>

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Zen é...

Do Arqueiro Zen.

Leia mais >>

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Fim dos Inimigos

Se você matar por raiva,
Seus inimigos nunca acabarão;
Se você matar a raiva,
Isso matará seus inimigos de uma vez por todas.
(Os Cem Versos)

Dilgo Khyentse Rinpoche
"The heart of Compassion"

Retirado do blog Samsara.

Leia mais >>

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Wallpapers Zen

Páginas com wallpapers Zen.

http://www.thetruthsoflife.com/spiritual-wallpapers/buddhism-1.html

http://www.nywellnessguide.com/misc/screensavers.asp

Leia mais >>

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Arqueiro Zen


Depois de ter vencido muitos concursos de arco e flecha, o campeão da cidade foi procurar o mestre zen.
- Sou o melhor de todos - disse. - Não aprendi religião, não procurei ajuda dos monges, e consegui chegar a ser considerado o melhor arqueiro de toda região. Soube que, durante uma época, o senhor foi o melhor arqueiro da região, e pergunto: havia necessidade de virar um monge para aprender a atirar?
- Não - respondeu o mestre zen.
Mas o campeão não se deu por satisfeito: retirou uma flecha, colocou em seu arco, disparou, e atingiu uma cereja que se encontrava muito distante. Sorriu, como quem diz: "o senhor podia ter poupado o seu tempo, dedicando-se apenas à técnica." E disse:
- Duvido que o senhor repita isso.
Sem demonstrar a menor preocupação, o mestre entrou, pegou seu arco, e começou a caminhar em direção a uma montanha próxima. No caminho, existia um abismo que só podia ser cruzado por uma velha ponte de corda apodrecida, quase despencando: com toda a calma, o mestre zen foi até o meio da ponte, tirou seu arco, colocou a flecha, apontou uma árvore do outro lado do despenhadeiro, e acertou o alvo.
- Agora é você - disse gentilmente para o rapaz, enquanto voltava para terreno seguro.
Aterrorizado, olhando o abismo aos seus pés, o jovem foi até o lugar indicado, atirou, mas sua flecha atingiu um lugar muito distante do alvo.
- Para isso valeu a disciplina e a prática da meditação - concluiu o mestre, quando o rapaz voltou para o seu lado. - Você pode ter muita habilidade com o instrumento que escolheu para ganhar a vida, mas tudo isso é inútil, se não consegue dominar a mente que utiliza este instrumento.

Leia mais >>

Quadrinhos Zen

Esse site tem algumas páginas de amostra do livro Zen em Quadrinhos, de Tsai Chih Chung.
aqui vai o link: http://winstonsmith.free.fr/__/library/chih_chung/zq-1.html

A página ainda tem amostra de outros livros bem interessantes, vale a pena conferir.


Leia mais >>

sábado, 30 de agosto de 2008

Nas mãos do Destino

Um grande guerreiro japonês chamado Nobunaga decidiu atacar o inimigo embora ele tivesse apenas um décimo do número de homens que seu oponente. Ele sabia que poderia ganhar mesmo assim, mas seus soldados tinham dúvidas. No caminho para a batalha ele parou em um templo Shintó e disse aos seus homens:

"Após eu visitar o relicário eu jogarei uma moeda. Se a Cara sair, iremos vencer; se sair a Coroa, iremos com certeza perder. O Destino nos tem em suas mãos."

Nobunaga entrou no templo e ofereceu uma prece silenciosa. Então saiu e jogou a moeda. A Cara apareceu. Seus soldados ficaram tão entusiasmados a lutar que eles ganharam a batalha facilmente.

Após a batalha, seu segundo em comando disse-lhe orgulhoso:

"Ninguém pode mudar a mão do Destino!"

"Realmente não..." disse Nobunaga mostrando-lhe reservadamente sua moeda, que tinha sido duplicada, possuindo a Cara impressa nos dois lados.

Leia mais >>

Uma xícara de Chá

Nan-In, um mestre japonês durante a era Meiji (1868-1912), recebeu um professor de universidade que veio lhe inquirir sobre Zen. Este iniciou um longo discurso intelectual sobre suas dúvidas.

Nan-In, enquanto isso, serviu o chá. Ele encheu completamente a xícara de seu visitante, e continuou a enchê-la, derramando chá pela borda.

O professor, vendo o excesso se derramando, não pode mais se conter e disse:

"Está muito cheio. Não cabe mais chá!"

"Como esta xícara," Nan-in disse, "você está cheio de suas próprias opiniões e especulações. Como posso eu lhe demonstrar o Zen sem você primeiro esvaziar sua xícara?"

Leia mais >>

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Interpretação da parábola do filho pródigo III

O jovem, aparentemente, regressou para donde viera; na realidade, porém, esse regresso foi um super-gresso; o ponto da sua volta não coincidiu com o ponto da sua partida; não fechou simplesmente um círculo, abriu uma grande espiral, cujo termo de chegada está imensamente acima do termo de partida; o regresso superou o egresso, porque entre este e aquele acontece um ingresso.Entre a partida e a chegada houve uma gigantesca evolução – a jornada cósmica que vai da culpa através do sofrimento até a redenção.
Para celebrar esse grande acontecimento – a autocompreensão e auto-realização de um homem – o Evangelho recorre a tudo quanto possa simbolizar suprema alegria e solenidade: abraços, beijos, anel precioso, deslumbrante vestuário, lauto festim, músicas e bailados. É que a realização de um único homem é um fenômeno mais grandioso que todos os astros e galáxias do Universo. Deus creou todas as grandezas do cosmos – mas um único homem plenamente realizado é um Universo de creatividade acima de todas as creatitudes...
Quando se estava celebrando essa grande harmonia, aparece uma aguda dissonância: o filho mais velho, que estagnara na sua evolução e continuara a marcar passo na inexperiência, revelou-se incapaz de compreender a linha ascencional evolutiva de seu irmão, que culminou em suprema verticalidade. Nem aceita a palavra “teu irmão”, mas a substitui por “teu filho”. De fato, o jovem realizado não era mais “irmão” dele; não havia nenhuma afinidade espiritual entre eles; ele era apenas “teu filho”, um filho de Deus, sem afinidade com outros filhos de Deus. O filho mais velho se queixa de nunca ter sido recompensado por sua obediência de muitos anos, ao passo que o outro, auto-realizado, nada sabe de recompensa, de espírito mercenário. Quem encontrou o seu verdadeiro ser nada mais sabe do ilusório ter. Quem realizou o seu ser só conhece amor, e nada sabe de recompensa.
O poema do filho pródigo marca o zênite da genialidade do Nazareno,quando considerado à luz do drama cósmico da auto-realização do homem e da evolução multimilenar da humanidade.
O filho mais velho representa um ser humano que, longe de atingir as alturas da individualidade do Eu divino nem sequer despertara para a personalidade do seu ego humano. E quem não tem consciência do seu ego não é possuidor de nada, como os seres da natureza, que nada sabem de posse ou possessividade.
Por isso, diz muito bem o Pai, que simboliza Deus. “Tudo que é meu é teu”. Tudo que é de Deus é também do mundo infra-humano – mineral, vegetal, animal – mas esse mundo nada sabe de “meu”. O infra-ego não possui nada, nem sequer um “cabrito”. A consciência do “meu” é um corolário do pequeno “eu” personal ou ego.
O filho mais novo havia chegado à ego-consciência personal e a tinha superado, atingindo as alturas da Eu-consciência cósmica.
O hino místico Exultet, que se canta anualmente na véspera ou manhã de Páscoa, exclama: “O Felix culpa! O vere necessarium Adae peccatum, quod talem et tantum meruisti redemptorem!” (Ó culpa feliz! Ó pecado de Adão realmente necessário, que tal e tão grande Redentor mereceste!).
Poderá haver culpa feliz? Haverá pecado necessário?
Em face da teologia analítica, isto é blasfemo – mas à luz da visão da mística intuitiva, isto é sublime. Culpa e pecado simbolizam o estágio evolutivo do homem através do ego em demanda do Eu. A nossa humanidade da ego-personalidade já está no plano horizontal da “culpa feliz” e do “pecado necessário”; falta-lhe superar esse plano e atingir a plenitude vertical da sua redenção.
Após o subego, a kundalini, enrolada e dormente, acordará como ego rastejante no plano horizontal, “comendo do pó da terra” – no superego, ou Eu, kundalini se ergue à plenitude vertical da sua auto-realização.
A história do filho pródigo encerra uma metafísica de infinita profundidade e uma mística de inaudita sublimidade.


Simplesmente isso, sem comentárioas adjacentes...o Humberto conseguiu chegar a um ponto que poucos chegaram com essa parábola, como eu nunca tinha visto antes.

Texto escrito por Humberto Rohden, retirado do livro Sabedoria das Parábolas, editado pela Martin Claret.


Leia mais >>

Interpretação da parábola do filho pródigo II

Com o despertar da personalidade entra o jovem na fase da liberdade. O livre-arbítrio recém-despertado, manifesta-se primeiro em forma negativa, porquanto o ego humano é essencialmente centrífugo, separatista, dispersivo, anticósmico.
E durante muito tempo continua a ego-personalidade a viver exclusivamente nessa dimensão de egoidade hipertrofiada, esbanjando todas as suas potências numa vida dissoluta, como é invariavelmente a vida com 100% de ego-consciência e 0% de Eu-consciência.
E, como toda a culpa livremente cometida gera sofrimentos necessariamente subseqüentes, no ponto culminante das maldades aparece os males.
O jovem começa a sofrer as inevitáveis conseqüências das suas culpas. Sofre, sofre, sofre...
Mas o sofrimento não o levou, logo de início, a redenção. O jovem sofredor culpado procura libertar-se dos males sem se redimir da maldade: associa-se a um pecador inveterado na maldade e dele espera libertação dos seus males. O jovem sofredor, no auge da sua miséria, apela para um rico fazendeiro, morador naquela zona; pede-lhe serviço para poder sobreviver. Sem tardança, o velho pecador se prontifica a ajudar o jovem pecador, mandando guardar uma manada de porcos que ele tem na sua fazenda. Dá serviço ao jovem sofredor – mas não lhe dá alimento.
Assim é que todo egoísta trata todo egoísta.
O jovem acabou pastor de porcos imundos. E, quando ouvia o ruidoso crepitar das vagens de alfarroba entre os dentes dos suínos; quando ele via como os animais, depois de encherem a barriga, deitavam-se gostosamente no chiqueiro e dormiam tranqüilamente, enquanto o jovem, de estômago vazio, sentia o desejo de ser animal também para poder ser estupidamente feliz como eles - então despertou nele algo misterioso...
“Desejava encher sua barriga” (implere ventrem suum), não saciar-se, que é impossível ao racional, mas pelo menos “encher a barriga”, como os porcos, já que outra coisa não lhe era possível. Desejava, pelo menos, esquecer sua insatisfação, já que não se podia satisfazer; tentava enganar, narcotizar com gozos materiais os seus anseios espirituais.
Mas, diz o texto, ninguém lhe dava essa satisfação animalesca. Alimentos materiais não saciam fome espiritual.
Ali, no meio de uma manada de animais satisfeitos, desceu a insatisfação do jovem ao mais profundo nadir da infelicidade.
E foi então que o máximo do sofrimento o levou ao início da redenção. “Ele entrou em si”, diz o texto.
Caiu em si, escrevem os maus tradutores, como se alguém pudesse cair para cima. Entrou em si, diz o autor sacro.
Saiu das periferias do ego pecador e sofredor – entrou no centro do seu Eu redentor. Aconteceu ao filho pródigo a maior coisa que pode acontecer ao homem: a autocompreensão. Que sou eu?...
E toda autocompreensão transborda em auto-realização.
Que sou eu? Sou eu realmente um pastor de porcos? Não! Isto é a triste profissão do meu ego humano - mas não é a gloriosa vocação do meu Eu divino...
Que sou eu?
Eu sou filho daquele pai bondoso. Não sou o que pareço ser exatamente – sou e sempre serei o que sou internamente. Eu pareço ser escravo de um tirano egoísta, que me reduziu a pastor de porcos – mas eu sou o filho livre de alguém que continua a ser meu pai.
Depois desse ingresso no seu Eu, e esse egresso do seu ego, veio o regresso ao Pai. A autocompreensão transborda infalivelmente em auto-realização.
Dizem certos tradutores que o jovem se “arrependeu”; outros chegam ao auge da absurdidade afirmando que ele fez “penitência”. Mas o texto inspirado do Evangelho só conhece a palavra “converteu-se”, ou “transmentalizou-se”. Ultrapassou a sua velha mentalidade ego e entrou na nova consciência do Eu.

Leia mais >>

Interpretação da parábola do filho pródigo I

Evolução do homem através de erros humanos para a verdade divina.


A história do Filho Pródigo é, quase sempre, apresentada exclusivamente como a parábola clássica da misericórdia de Deus para com o pecador penitente. Oradores e escritores fazem dela um poema melodramático e sentimental do amor de um Pai que recebe de braços abertos um filho ingrato que, finalmente, se arrepende dos seus desvarios e regressa à casa paterna. Esse pai misericordioso é Deus, e o filho pródigo é qualquer pecador que se converte.
Não é intenção nossa excluir totalmente essa interpretação comovente.
Entretanto, à luz do texto original do primeiro século, não cremos que seja esta quintessência, o alfa e ômega da história narrada por Jesus. Por entre as linhas aparece algo infinitamente mais profundo e sublime, mais cósmico e ontológico que esse drama do amor paterno e da humanidade filial.
A história do filho pródigo – que, no Evangelho, não é chamada parábola – é o drama da evolução ascensional do homem e a epopéia multimilenar da própria humanidade. Podemos até afirmar que, nessa narrativa, atingiu o espírito do Nazareno as mais excelsas culminâncias da sua visão cósmica sobre o homem individual e sobre a humanidade universal.
A fim de compreendermos devidamente o poema cósmico do filho pródigo, devemos, acima de tudo, remontar ao texto grego do primeiro século, nem sempre fielmente reproduzido em nossas traduções.
No texto grego original de Lucas – o único evangelista que refere o fato e que escreveu diretamente em língua grega – lemos o seguinte: “Um pai tinha dois filhos. Disse-lhe o mais novo: Pai, concede-me a parte da natureza que me convém.”
A Vulgata Latina traduz “Dá-me a porção da substância que me pertence”. Substância, em latim, pode significar “aquilo que subestá”, que subjaz à minha vida, que é a minha natureza humana de jovem. Mas os tradutores entendem, geralmente, por substância o dinheiro.
O texto original grego é bem claro quando diz: “A parte da minha natureza (ousia, do verbo einai, que significa ”ser”) que me convém (epibállon)”.
Que é que o filho mais novo, talvez de 15 anos, pede ao pai?
Muitos pensam que ele tenha pedido a parte dos bens materiais a que julgava ter dinheiro, e o pai teria distribuído entre os dois filhos os bens da família, na medida do direito de cada um. Mas teria um rapaz o direito de pedir isto ao pai? E, se assim acontecera, como se entende que, após o regresso do filho pródigo, o filho mais velho diz ao pai que nunca recebeu nada dele? Se houvesse partilha dos bens, teria o filho mais velho recebido a sua parte, e não se poderia queixar.
O texto grego não se refere à partilha dos bens, fala da parte da natureza (ousia) que ao jovem convém. Isto é, o jovem reclama o direito da sua juventude, insiste na sua liberdade pessoal de jovem independente, faz valer o direito de não mais ser criança dependente, mas adolescente autônomo. Pede um modo de vida conveniente (epibállon) a sua natureza de jovem.
O pai reconhece, em silêncio, essa conveniência; não protesta, não dissuade o jovem com nenhuma palavra; reconhece que ele deve iniciar a fase da sua adolescência. Também não aparece nenhuma mãe chorando e dissuadindo o filho de gozar os direitos da sua mocidade independente.
Em silêncio, “o pai dividiu entre eles a vida” (bios). A palavra grega “bios” quer dizer “vida”, onde a Vulgata Latina repete a mesma palavra “substância”.

O pai dividiu a vida (
bios) entre os dois filhos: o mais velho continua na sua vida dependente, o mais novo inicia uma vida independente. Ou seja: o filho mais novo desperta para o segundo estágio da evolução hominal, deixa de ser criança inexperiente, e passa a ser um jovem experiente da sua ego-personalidade ao passo que seu irmão mais velho continua estagnado no plano do seu infra-ego inexperiente; não comeu ainda do “fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”, como diria Moisés.

Leia mais >>

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

Evangelho de Lucas cap.15 vers. 11 a 32)

11- Certo homem tinha dois filhos ;

12- o mais moço deles disse ao pai : Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe . E ele repartiu os haveres.

13- Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu , partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente.

14-Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade .

15- Então , ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra ., e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.

16-Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam ; mas ninguém lhe dava nada .

17- Então, caindo em si, disse : Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome !

18- Levantar-me-ei , e irei ter com o meu pai, e lhe direi : Pai, pequei contra o céu e diante de ti ;

19- já não sou digno de ser chamado teu filho ; trata-me como um dos teus trabalhadores ;

20- E, levantando-se , foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou .

21-E o filho lhe disse : Pai, pequei contra o céu e diante de ti ; já não sou digno de ser chamado teu filho.-

22- O pai, porém, disse aos seus servos :

Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;

23- trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemos-nos ;

24-porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se

25-Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.

26- Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo .

27- E ele informou : veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde .

28- Ele se indignou e não queria entrar, saindo, porém, o pai procurava conciliá-lo.

29-Mas ele respondeu a seu pai. Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos ;

30-vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes , tu mandaste matar para ele o novilho cevado

31-Então, lhe respondeu o pai : Meu filho, tu sempre estás comigo ; tudo o que é meu é teu.

32-Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado .

Leia mais >>

Sabedoria Oriental

Configurações
Algumas frases dos mestres Confúcio e Lao-Tsé.

O sábio teme o céu sereno; em compensação, quando vem a tempestade ele caminha sobre as ondas e desafia o vento. (Confúcio)

O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros. (Confúcio)

Escolha um trabalho que ama e não terá que trabalhar um único dia em sua vida. (Confúcio)

O que eu ouço, esqueço. O que eu vejo, lembro. O que eu faço, aprendo. (Confúcio)

Saber o que é certo e não fazê-lo é a pior covardia. (Confúcio)

A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantém separados. (Confúcio)

É melhor acender uma vela que amaldiçoar a escuridão. (Confúcio)

Ao examinarmos os erros de um homem, conhecemos o seu caráter. (Confúcio)

O homem realmente culto não se envergonha de fazer perguntas também aos menos instruídos. (Lao-Tsé)

Quem conhece os outros é sábio; quem conhece a si mesmo é iluminado. (Lao-Tsé)

Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão. (Lao-Tsé)

Pagai o mal com o bem, porque o amor é vitorioso no ataque e invulnerável na defesa. (Lao-Tsé)

A alma não tem segredo que o comportamento não revele. (Lao-Tsé)

O sábio não se exibe e vejam como é notado. Renuncia a si mesmo e jamais será esquecido. (Lao-Tsé)

Quem quer humilhar alguém deve primeiro engrandecê-lo. (Lao-Tsé)

Para ganhar conhecimento, adicione coisas todos os dias. Para ganhar sabedoria, elimine coisas todos os dias. (Lao-Tsé)

Grandes realizações são possíveis quando se dá importância aos pequenos começos. (Lao-Tsé)

Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo. (Confúcio)

O coração do homem pode estar deprimido ou excitado. Em qualquer dos dois casos o resultado será fatal. (Lao-Tsé)

Não são as más ervas que sufocam o grão, é a negligência do cultivador. (Confúcio)

A música gera um tipo de prazer sem o qual a natureza humana não pode passar. (Confúcio)

Reaja inteligentemente mesmo a um tratamento não inteligente.(Lao-Tsé )

Todo desejo incômodo e inquieto se dissolve no amor da verdadeira filosofia. (Lao-Tsé)

A libertação do desejo conduz à paz interior. (Lao-Tsé)

Quando eu me despojo do que eu sou, eu me torno o que eu poderia ser. (Lao-Tsé)

Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas. (Confúcio)

O ser humano tem a perversa tendência de transformar o que lhe é proibido em tentação. (Confúcio)

É fácil apagar as pegadas: difícil, porém, é caminhar sem pisar o chão. (Lao-Tsé)

Leia mais >>

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O Pote de Ouro


O propósito de compartilhar informação é ajudar a pensar de modo original, examinar, questionar e tornar-se consciente. O que importa é tornar-se consciente de tudo o que está acontecendo. Uma vez equipados com conhecimento, podemos responder a partir de uma posição consciente, em vez de um suposto estado de realidade pré-programado, que na verdade não está de modo algum em contato com a realidade.

A necessidade de equilíbrio em nossas vidas precisa ser respeitada. O equilíbrio é vital para nossa habilidade de absorver luz e a luz é essencial para a clareza espiritual. Mantê-lo fora de equilíbrio é o propósito principal da força opositora e controladora.

É a autodescoberta que remove as camadas de programação e permite a abertura da verdade desse Universo e de suas leis que governam toda a existência. Alguns levam mais tempo do que outros para atualizar sua programação, mas conforme a luz aumenta, mais e mais pessoas em todo nosso mundo estão se conectando com suas almas e espírito de uma forma mais consciente.

Quando, finalmente, compreendemos que o jogo da vida é apenas um jogo, e que não é necessário jogar o jogo, então nós podemos simplesmente ser quem realmente somos. Quando reconhecemos nossa própria divindade e luz dentro de nós mesmos, nossa inocência e inteligência, nós reivindicamos nosso direito à felicidade e evitamos nos fazerem ficar medrosos.

O que é preciso para o benefício da Terra e da humanidade são pensamentos positivos e uma natureza amorosa. Quando aproveitamos a oportunidade de tomar de volta o que é nosso por direito, a paz e a prosperidade logo serão compartilhadas por todas as pessoas em toda parte e por nossa Terra preciosa que é nossa casa.
Ao invés de procurar o pote de ouro no fim do arco-íris, vamos nos tornar o pote de ouro. Você se torna aquele que manifesta a realidade que procura.

Muitos vão pensar que é um sacrilégio dizer que nós seres humanos somos divinos e como Deus em nossa essência. Mas conforme cada um de nós aprende a criar uma nova realidade no mundo que é real para si mesmo, você logo vai perceber que de fato é um ser com habilidades divinas.

por Robert Happé - cee@roberthappe.net

retirado do site Somos Todos Um.

Leia mais >>

domingo, 24 de agosto de 2008

Quem és?

O amante bateu à porta da bem-amada, e uma voz lá de dentro perguntou:
- Quem está aí?
E ele respondeu
- Sou eu.
A voz então disse:
- Esta casa não conterá nós dois.
E a porta continuou fechada. Então o amante foi para o deserto, e na solidão jejuou e orou. Retornou depois de um ano e bateu novamente à porta. E de novo a voz perguntou:
- Quem é?
E o amante respondeu:
- És tu mesma!
E a porta lhe foi aberta.

Jalal ud-Din Rumi
Poeta e místico sufi do século XIII

retirado do blog saindo da matrix.


Leia mais >>

segunda-feira, 31 de março de 2008

Mudando o mundo

Recebi no meu e-mail um texto magnífico falando sobre mudar o mundo. Como é um texto que reflete o que penso, resolvi colocá-lo aqui. Eu o recebi da newsletter do site Somos Todos Um.

Osho,
"Você é o mundo". Esta é uma das colocações de Krishnamurti que causam confusão... Você poderia dizer algo sobre isso?
A colocação de J. Krishnamurti de que "Você é o mundo" não é confusa de maneira alguma. É muito simples... O mundo é apenas um nome; o indivíduo é a realidade.
...Palavras como o "mundo", a "sociedade”, a "religião", a "nação", são meras palavras sem nenhum conteúdo por trás delas - caixas vazias. Exceto você, não existe mundo.
Essa é uma maneira de compreender a colocação: que o indivíduo é a única realidade. E o mundo não é nada mais do que a coletividade de indivíduos, então, seja lá o que for, é uma contribuição de indivíduos... Você não pode jogar a responsabilidade em alguém mais; você tem de aceitar a responsabilidade sobre os seus próprios ombros.

... Você pode ser contra a guerra, pode ser um pacifista, pode ser um manifestante crônico - sempre com uma bandeira protestando contra a guerra, contra a violência.
... Mas a vida é um fenômeno complexo. Os seus protestos, o seu pacifismo, a sua luta contra a guerra ainda é parte da guerra; você não é um homem de paz.
E você pode observar isso quando as pessoas protestam - a sua raiva, a sua violência é tão óbvia que a gente pensa por que essas pessoas estão protestando contra a guerra... Uma boa máscara, mas por dentro está a mesma raiva, o mesmo ódio, a mesma violência, a mesma destrutividade contra qualquer pessoa que não concorda com elas.

... A colocação de J. Krishnamurti de que "Você é o mundo" simplesmente enfatiza o fato de que todo indivíduo, onde quer que esteja, seja lá o que for que faça, deve aceitar a responsabilidade de criar esse mundo que existe ao nosso redor.
Se ele é insano, você contribuiu para essa insanidade da sua própria maneira. Se ele é doente, você também é um parceiro em torná-lo doente. E a ênfase é importante - porque a menos que você compreenda que "eu também sou responsável por esse mundo insano e miserável," não existe possibilidade de mudança. Quem vai mudar? Todo mundo acha que alguém mais é responsável.
... Se estiver sofrendo, se estiver miserável, se estiver tenso, cheio de ansiedades, angústia, não apenas se console dizendo que este mundo é feio, que todos os demais são feios, que você é uma vítima.
J. Krishnamurti está dizendo que você não é uma vítima, você é um criador deste mundo insano; naturalmente, você tem de participar no resultado de seja lá o que for que tenha contribuído. Você está participando em jogar as sementes, estará participando ao colher a colheita também; você não pode escapar.
Para tornar o indivíduo ciente, de forma que ele pare de jogar a responsabilidade nos outros - do contrário, ele começa a olhar para dentro para ver de que maneira ele está contribuindo para toda essa loucura - existe uma possibilidade de que ele possa parar de contribuir.

... Aceitar a sua responsabilidade irá transformá-lo e a sua transformação é o começo da transformação do mundo - porque você é o mundo. Seja lá o quão pequeno for, um mundo em miniatura, mas você carrega todas as sementes. Se a revolução acontece em você, ela carrega a revolução para o mundo todo.
... Se você quiser mudar o mundo, não comece mudando o mundo - essa é a maneira errada que a humanidade tem seguido até agora... Somente uma revolução pode ser bem sucedida, o que não foi tentado até agora - e essa é a revolução do indivíduo.
Mude você mesmo. Esteja alerta para não contribuir com qualquer coisa que torne o mundo um inferno. E lembre-se de contribuir com alguma coisa para o mundo que o torne um paraíso.

... Nenhuma revolução pode ter sucesso a menos que a mente humana seja compreendida pelos seres humanos e eles comecem a se comportar de maneira diferente... Escapar para o Himalaia não vai ajudar porque, mesmo no Himalaia, a sua mente permanecerá a mesma, apenas você não terá a oportunidade de saber disso.
... É um fato simples: as pessoas que escaparam do mundo não acham que são responsáveis por este mundo. Escapando, elas não mudaram o mundo... nem passaram por uma mudança interna nelas mesmas. Por essa razão eu sou contra renunciar ao mundo.

Fique no mundo, seja lá o quão difícil for - porque é apenas no mundo que será lembrado, em cada passo, que tipo de mente você está carregando por dentro. E essa mente é projetada no lado de fora e se torna enorme porque tantas mentes estão projetando da mesma maneira.
"Você é o mundo" não é uma colocação matemática.
"Você é o mundo" é um insight psicológico.
E pode se tornar a própria chave para a única revolução que pode acontecer.

Osho, em Sermons in Stones

Leia mais >>

terça-feira, 18 de março de 2008

"Bem aventurados os puros de coração"

“Pobre pelo espírito” é aquele que se libertou interiormente de todo o apego a qualquer objeto externo.

“Puro de coração” é aquele que se libertou, não só dos objetos externos, mas também do sujeito interno, isto é, daquilo que ele idolatrava com sendo o seu sujeito, o seu eu, embora fosse apenas o seu pseudo-eu, o seu pequeno ego-físico mental.

De maneira que ser puro de coração é ainda mais glorioso do que ser pobre pelo espírito; ser interiormente livre da obsessão do ego vivo é mais do que ser livre da escravidão da matéria morta. Aliás, ninguém pode ser realmente livre da matéria morta dos bens externos sem ser livre da ilusão do ego vivo, porque tudo que eu chamo “meu” é apenas um reflexo e uma conseqüência do meu falso “eu”, o ego físico-mental; se o meu falso eu se tivesse integrado no verdadeiro Eu, que é o Universo em mim, não teria eu necessidade alguma de me apegar àquilo que chamo “meu”, os bens individuais.

A definitiva integração do pequeno ego físico-mental no grande Eu racional-espiritual é que é pureza de coração, que garante uma visão clara de Deus.Ninguém pode ver claramente o Deus transcendente do universo de fora antes de ver nitidamente o Deus imanente do universo de dentro.

O egoísta impuro não pode ver a Deus, que é amor puríssimo. O egoísmo, portanto, a egolatria, equivale a uma cegueira mental. Entre o Deus-amor e o homem egoísta se ergue, por assim dizer, uma muralha opaca que intercepta a luz divina. Enquanto o homem não ultrapassar as estreitas barreiras do seu ego personal, está com os olhos vendados, separados de Deus por uma camada impermeável à luz, que é a impureza de coração. Por mais que um ególatra ouça falar de Deus, nada compreende, porque compreender supõe ser. Ninguém pode compreender senão aquilo que ele vive ou é no seu íntimo ser.Entender é um ato mental, mas compreender é uma atitude vital; entender mentalmente é uma função parcial, unilateral do nosso ego humano – compreender é uma vivência total, unilateral, do nosso Eu divino. Quem não é divino não pode saber o que é Deus.

Estas são partes de um texto q eu li em um livro do Huberto Rohden, ele realmente me surpreende com a profundidade e sabedoria que escreve, são realmente palavras de um homem que passou a vida buscando as respostas, respostas que nos auxiliam nesses textos complicados. =]

Mas como fazer para colocar em prática tudo isso? Como então iremos transpor essas barreiras, criadas por nós mesmos, para adiante podermos desfrutar do Amor, que é Deus na sua essência... como o próprio Huberto diz, devemos praticar exercícios diários; exercícios de altruísmo, amor ao próximo, solidariedade, benevolência universal (pelas palavras dele). E com isso, nos tornarmos aos poucos menos egoístas e egocêntricos, para podermos tirar a venda que está em nossos olhos.

Leia mais >>

"Bem-aventurados os pobres pelo espírito"

Jesus proclama bem-aventurados, cidadãos do reino dos céus, agora e aqui mesmo, todos aqueles que são pobres, ou desapegados dos bens terrenos, não pela força compulsória das circunstâncias externas e fortuitas, mas sim pela livre e espontânea escolha espiritual; os que, podendo possuir bens materiais, fiéis ao espírito de Cristo: “ Não acumuleis para vós bens na terra – mas acumulais bens nos céus”.

Essa libertação da escravidão material pela força espiritual supõe uma grande experiência e iluminação interna. Ninguém abandona algo que ele considera valioso sem que encontre algo mais valioso. Quem não encontrou o “ tesouro oculto” e a “pérola preciosa” do reino dos céus não pode abandonar os pseudotesouros e as pérolas falsas dos bens da terra. É da íntima psicologia humana que cada um retenha aquilo que ele julga mais precioso.

O verdadeiro abandono, porém, não consiste numa fuga ou deserção externa, mas sim numa libertação interna. Pode o milionário possuir externamente os seus milhões, e estar internamente liberto deles – e pode também um mendigo não possuir bens materiais e, no entanto, viver escravizado pelo desejo de os possuir, e, neste caso, é ele o escravo daquilo que não possui, assim como o milionário pode ser livre daquilo que possui. Este possui sem ser possuído – aquele é possuído pelo que não possui.

O que decide não é possuir ou não possuir externamente – o principal é saber possuir ou não possuir. Ser rico ou ser pobre são coisas que nos acontecem, de fora – mas a arte de saber ser rico ou ser pobre, é algo que nós produzimos, de dentro. O que nos faz bons ou maus não é aquilo que nos acontece, mas sim o que nós mesmos fazemos e somos.

A verdadeira liberdade, ou seu contrário, consiste numa atitude do sujeito, e não em simples fatos dos objetos.

“O que de fora entra no homem não torna o homem impuro – mas o que de dentro sai do homem e nasce em seu coração, isto sim torna o homem impuro” – ou também, puro, comforme a índole desse elemento interno.

Ser rico não é pecado – ser pobre não é virtude.

Virtude ou pecado é saber ou não ser rico ou pobre.

Naturalmente, quem é incapaz de se libertar internamente do apego aos bens materiais sem os abandonar externamente, esse deve ter a coragem e sinceridade consigo mesmo de se despossuir deles também na plano objetivo, a fim de conseguir a “pobreza pelo espírito”, isto é, a libertação interior. Aquele jovem rico do Evangelho, ao que parece, era incapaz de possuir sem ser possuído; por isto, o divino Mestre lhe recomendou que se despossuísse de tudo a fim de não ser possuído de nada – mas ele falhou. E por isto se retirou, triste e pesaroso, “porque era possuidor de muitos bens”.

Possuidor? Não – era possuído de muitos bens.

Bem-aventurados os pobres pelo espírito, os que, pela força do espírito, se emanciparam da escravidão da matéria. Deles é o reino dos céus, agora, aqui, e para sempre e por toda a parte, porque, sendo que o reino dos céus está dentro do homem, esse homem leva consigo o reino da sua felicidade aonde quer que vá...

O nosso pequeno ego humano é muito fraco, e necessita de ser escorado por muitos bens materiais, para se sentir um pouco mais forte e seguro – mas o nosso Eu divino é tão forte que pode dispensar essas escoras e muletas externas e sentir-se perfeitamente seguro pela força e segurança do Eu...

Bem-aventurado esse pobre de ego – e esse rico do Eu!...

Dele é o reino dos céus!...

Esse texto explana brilhantemente sobre este trecho do sermão da montanha, dando-nos uma visão diferente da que estamos acostumados... particularmente, eu concordo plenamente com uma frase dita por Gandhi sobre este sermão: "Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse O Sermão da Montanha, nada estaria perdido."
Espero q tenham gostado =]

Leia mais >>

A batalha de Arjuna

Aceitar as consequências de sermos quem somos

O Bhaghavad Gita, Um dos textos mais antigos sobre religião, relata a guerra vivida por Arjuna – um jovem príncipe da casta dos guerreiros que está para herdar o trono. Porém seus parentes também querem seu trono; e de tal cobiça nasceu uma guerra. Ao ver todos seus parentes no campo de batalha, Arjuna se entristece e diz à Krishna: “Ó Senhor, qual é o sentido de lutar essa guerra, se vejo todos os meus entes queridos contra mim? Mesmo se vencer essa batalha, com quem compartilharei a vitória? Não vejo sentido em lutar uma guerra em que todos os que amo morrem – antes preferiria deixar que me derrotassem.”

Krishna, que é o Senhor Supremo encarnado na terra, diz ao seu discípulo: “Ó Arjuna! Pare de choramingar! Enche-te de coragem contra teus inimigos e seja quem verdadeiramente você é!” Aparentemente, não se trata de uma história muito espiritual – mas existe uma interpretação dessa passagem que dá um sentido completamente novo à história.

Diz-se que, nessa história, os parentes de Arjuna representam nossos sentidos e nossas emoções. Eles querem tomar o controle sobre nós. porém Arjuna não quer enfrentar a batalha por que são seus parentes – não queremos subjugar esses três aspectos de nós mesmos porque eles fazem parte de nós, porque gostamos deles, nos apegamos a eles. Quando somos dominados, nossas emoções nos levam à esmo assim como um pequeno barco no meio de uma tempestade. E isso causa muito sofrimento a nós mesmos.

“Enche-te de coragem contra teus inimigos!” não devemos suprimir nossas emoções nem nossos sentidos. Não é disso que se trata; mas antes apenas dominá-los em vez de deixar que eles nos dominem. Assim poderemos ver mais claramente quem realmente somos, livres de apego dos sentidos e emoções, para então vivê-los de forma consciente.

Essa pequena passagem ainda traz mais um significado. “Seja quem verdadeiramente você é!”. Arjuna era da casta dos guerreiros, mas pela sua tristeza não queria lutar. O mesmo acontece conosco muitas vezes: existe algo em que acreditamos muito, mas levados por razões alheias acabamos compactuando com coisas que não acreditamos, ou deixamos nossos ideais para trás porque achamos não termos forças para realizá-los. Acredito que temos que ser condizentes com aquilo que acreditamos interiormente e aceitar as consequências disso, mesmo que possamos ser prejudicados, ameaçados ou excluídos. Afinal, o que vale mais a pena na vida que a verdade?

Que Arjuna possa vencer o trono em nós.

É isso aí Thiagão, estou postando para você enquanto as coisas estão se estrutuando =]
Belo texto.
Primeiro de muitos!!!

Leia mais >>

Início

Bem-vindos!

Esse blog nasceu de uma idéia, que surgiu de uma das várias conversas que eu e o Thiago tínhamos sobre assuntos diversos, mas que permeavam pelo mesmo tema: a espiritualidade. Então, por meio desse blog, vamos deixar alguns textos que achamos interessantes a disposição para quem quiser lê-los.
Ficamos felizes com a sua visita e que esses textos lhe sirvam como serviram a nós!

Abraços.

Leia mais >>
 

blogger templates