sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A espiritualidade de Confúcio

Depois de muito tempo sem postagens próprias, aqui está um texto de minha autoria. Espero que gostem! Se puder, deixe sua opinião!

A espiritualidade de Confúcio

Aqui no ocidente é comum associar o nome de Confúcio a um pensador político, pois de fato seu pensamento influenciou muitos líderes da China (e influencia até hoje). Procurando um pouco pela internet, vemos Confúcio representado como “Pregador moralista, tratadista e legislador”. Talvez por isso as traduções que temos de seus Analectos parecem buscar esse sentido político – mas os ensinamentos dos analectos também possuem uma profundidade espiritual. Vejamos como exemplo esse analecto:

O Mestre disse: “Enquanto o cavalheiro acalenta o bom governo, o homem vulgar acalenta sua terra natal. Enquanto o cavalheiro acalenta respeito pela lei, o homem vulgar acalenta o tratamento generoso”

Numa primeira interpretação, podemos pensar que se trata de um elogio ao homem que respeita as leis e se preocupa com o governo. Mas aonde está escrito “o bom governo” poderíamos substituir por “virtude”, partindo do texto original em chinês(não possuo o original em mãos agora, mas se houver interesse posso transcrevê-lo aqui depois). Temos um novo sentido para a frase: Enquanto o cavalheiro acalenta a virtude, o homem vulgar acalenta sua terra natal. O que essa nova frase quer dizer é que o “cavalheiro” (君子- Jun zi, um homem que segue a consciência divina) mantêm no seu íntimo e cultiva a Virtude, ou o mandado divino, e não se apega a bens materiais; Seu objetivo é revelar a verdade divina ao mundo(dado esse conceito, acho a palavra “cavalheiro” pouco apropriada, embora seja a tradução “correta”. Vou utilizar o termo cultivador, no sentido de cultivador da Virtude). Já o homem vulgar (小人- Xiao rén, homem pequeno) mantém-se apegado à sua posse de terra, visando o lucro. Pode-se dizer ainda que a “terra natal” do Xiao rén seja o próprio planeta Terra, porque permanece preso no ciclo de reencarnações. A segunda frase também pode induzir ao erro. Pode-se até achar que o homem vulgar é superior ao cavalheiro (homem pequeno superior ao cultivador), pois o valoriza o tratamento generoso com o próximo acima de leis e regras. Mas não é isso que Confúcio queria dizer. O “tratamento generoso” referido aqui é a adulação àqueles que possuem fama e/ou riqueza, visando interesses. O “respeito pela lei” do cultivador é o respeito pela Lei Divina, o respeito pela Verdade e a honestidade, jamais fazendo ou aceitando tal comportamento. Os analectos contém muitos trechos de doutrina moral, podendo ser comparado a Moisés e seus 10 mandamentos. O fato é que dos 3000 alunos que Confúcio teve, poucos eram capazes de apreender o Tao; muitos analectos são ditames e regras para uma conduta correta, para guiar o povo – mas o verdadeiro homem benevolente conhece a verdade dentro de si, e se guia através dela. Sua bondade não é algo exterior; ele não pratica a bondade para ser bom, mas ele já é bom, então tudo que faz é bondade. É desse tipo de homem que falam Jesus, Buda e tantos outros homens sábios de nossa história – e Confúcio também. Ainda assim, os analectos possuem um significado espiritual profundo na base de seus ensinamentos, que é a busca do homem pelo conhecimento de si mesmo.

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