domingo, 22 de março de 2009

O Amor

Jiddu Krishnamurti
Transcrição do "capítulo X - O amor" do livro:
"Liberte-se do passado" - Editora Cultrix
Título do original:
Freedom from the Known
Tradução de: Hugo Veloso
(retirado de: http://www.cuidardoser.com.br/o-amor.htm)

Esse texto é enorme, mas acreditem em mim andarilhos, vale a pena ler ;)

A necessidade de segurança nas relações gera inevitavelmente o sofrimento e o medo. Essa busca de segurança, atrai a insegurança. Já encontrastes alguma vez segurança em alguma de vossas relações? Já? A maioria de nós quer a segurança de amar e ser amado, mas existirá amor quando cada um está a buscar a própria segurança, seu caminho próprio? Nós não somos amados porque não sabemos amar.

Que é o amor? Esta palavra está tão carregada e corrompida, que quase não tenho vontade de empregá-la. Todo o mundo fala de amor - toda a revista e jornal e todo missionário discorre interminavelmente sobre o amor. Amo a minha pátria, amo o prazer, amo a minha esposa, amo a Deus. O amor é uma idéia? Se é, pode então ser cultivado, nutrido, conservado com carinho, moldado, torcido de todas as maneiras possíveis. Quando dizeis que amais a Deus, que significa isso ? Significa que amais uma projeção de vossa própria imaginação, uma projeção de vós mesmo, revestida de certas formas de respeitabilidade, conforme o que pensais ser nobre e sagrado; o dizer "Amo a Deus" é puro contra-senso. Quando adorais a Deus, estais adorando a vós mesmo; e isso não é amor.

Incapazes, que somos, de compreender essa coisa humana chamada amor, fugimos para as abstrações. O amor pode ser a solução final de todas as dificuldades, problemas e aflições humanas. Assim, como iremos descobrir o que é o amor? Pela simples definição? A igreja o tem definido de uma maneira, a sociedade de outra, e há também desvios e perversões de toda a espécie. A adoração de uma certa pessoa, o amor carnal, a troca de emoções, o companheirismo - será isso o que se entende por amor? Essa foi sempre a norma, o padrão, que se tornou tão pessoal, sensual, limitado, que as religiões declararam que o amor é muito mais do que isso. Naquilo que denominam "amor humano", vêem elas que existe prazer, competição, ciúme, desejo de possuir, de conservar, de controlar, de influir no pensar de outrem e, sabendo da complexidade dessas coisas, dizem as religiões que deve haver outra espécie de amor - divino, belo, imaculado, incorruptível.

Em todo o mundo, certos homens chamados "santos" sempre sustentaram que olhar para uma mulher é pecaminoso; dizem que não podemos nos aproximar-nos de Deus se nos entregamos ao sexo e, por conseguinte, o negam, embora eles próprios se vejam devorados por ele. Mas, negando o sexo, esses homens arrancam os próprios olhos, decepam a própria língua, uma vez que estão negando toda a beleza da Terra. Deixaram famintos os seus corações e a sua mente; são entes humanos "desidratados"; baniram a beleza, porque a beleza está ligada à mulher.

Pode o amor ser dividido em sagrado e profano, humano e divino, ou só há amor? O amor é para um só e não para muitos? Se digo "Amo-te", isso exclui o amor do outro? O amor é pessoal ou impessoal? Moral ou imoral? Familial ou não familial? Se amais a humanidade, podeis amar o indivíduo? O amor é sentimento? Emoção ? O Amor é prazer e desejo ? Todas essas perguntas indicam - não é verdade? - que temos idéias a respeito do amor, idéias sobre o que ele deve ou não deve ser, um padrão, um código criado pela cultura em que vivemos.

Assim, para examinarmos a questão do amor - o que é o amor - devemos primeiramente libertar-nos das incrustações dos séculos, lançar fora todos os ideais e ideologias sobre o que ele deve ou não deve ser. Dividir qualquer coisa em o que deveria ser e o que é, é a maneira mais ilusória de enfrentar a vida.

Ora, como iremos saber o que é essa chama que denominamos amor - não a maneira de expressá-lo a outrem, porém o que ele próprio significa? Em primeiro lugar rejeitarei tudo o que a igreja, a sociedade, meus pais e amigos, todas as pessoas e todos os livros disseram a seu respeito, porque desejo descobrir por mim mesmo o que ele é. Eis um problema imenso, que interessa a toda humanidade; há milhares de maneiras de defini-lo e eu próprio me vejo todo enredado neste ou naquele padrão, conforme a coisa que, no momento, me dá gosto ou prazer. Por conseguinte, para compreender o amor, não devo em primeiro lugar libertar-me de minhas inclinações e preconceitos? Vejo-me confuso, dilacerado pelos meus próprios desejos e, assim, digo entre mim: "Primeiro, dissipa a tua confusão. Talvez tenhas possibilidade de descobrir o que é amor através do que ele não é".

O governo ordena: "Vai e mata, por amor à pátria!" Isso é amor? A religião preceitua: "Abandona o sexo, pelo amor de Deus". Isso é amor? O amor é desejo? Não digas que não. Para a maioria de nós, é; desejo acompanhado de prazer, prazer derivado dos sentidos, pelo apego e o preenchimento sexual. Não sou contrário ao sexo, mas vede o que ele implica. O que o sexo vos dá momentaneamente é o total abandono de vós mesmos, mas, depois, voltais à vossa agitação; por conseguinte, desejais a constante repetição desse estado livre de preocupação, de problema, do "eu". Dizeis que amais vossa esposa. Nesse amor está implicado o prazer sexual, o prazer de terdes uma pessoa em casa para cuidar dos filhos e cozinhar. Dependeis dela; ela vos deu o seu corpo, suas emoções, seus incentivos, um certo sentimento de segurança e bem-estar. Um dia, ela vos abandona; aborrece-se ou foge com outro homem, e eis destruído todo o vosso equilíbrio emocional; essa perturbação, de que não gostais, chama-se ciúme. Nele existe sofrimento, ansiedade, ódio e violência. Por conseguinte, o que realmente estais dizendo é: "Enquanto me pertences, eu te amo; mas, tão logo deixes de pertencer-me, começo a odiar-te. Enquanto posso contar contigo para a satisfação de minhas necessidades sociais e outras, amo-te, mas, tão logo deixes de atender a minhas necessidades, não gosto mais de ti". Há, pois, antagonismo entre ambos, há separação, e quando vos sentis separados um do outro, não há amor. Mas, se puderdes viver com vossa esposa sem que o pensamento crie todos esses estados contraditórios, essas intermináveis contendas dentro de vós mesmo, talvez então - talvez - sabereis o que é o amor. Sereis então completamente livre, e ela também; ao passo que, se dela dependeis para os vossos prazeres, sois seu escravo. Portanto, quando uma pessoa ama, deve haver liberdade - a pessoa deve estar livre, não só da outra, mas também de si própria.

No estado de pertencer a outro, de ser psicologicamente nutrido por outro, de outro depender - em tudo isso existe sempre, necessariamente, a ansiedade, o medo, o ciúme, a culpa, e enquanto existe medo, não existe amor. A mente que se acha nas garras do sofrimento jamais conhecerá o amor; o sentimentalismo e a emotividade nada, absolutamente nada, têm que ver com o amor. Por conseguinte, o amor nada tem em comum com o prazer e o desejo.

O amor não é produto de pensamento, que é o passado. O pensamento não pode de modo nenhum cultivar o amor. O amor não se deixa cercar e enredar pelo ciúme; porque o ciúme vem do passado. O amor é sempre o presente ativo. Não é "amarei" ou "amei". Se conheceis o amor, não seguireis ninguém. O amor não obedece. Quando se ama, não há respeito nem desrespeito.

Não sabeis o que significa amar realmente alguém - amar sem ódio, sem ciúme, sem raiva, sem procurar interferir no que o outro faz ou pensa, sem condenar, sem comparar - não sabeis o que isto significa? Quando há amor, há comparação? Quando amais alguém de todo o coração, com toda a vossa mente, todo o vosso corpo, todo o vosso ser, existe comparação? Quando vos abandonais completamente a esse amor, não existe "o outro".

O amor tem responsabilidades e deveres, e emprega tais palavras? Quando fazeis alguma coisa por dever, há nisso amor? No dever não há amor. A estrutura do dever, na qual o ente humano se vê aprisionado, o está destruindo. Enquanto sois obrigado a fazer uma coisa, porque é vosso dever fazê-la, não amais a coisa que estais fazendo. Quando há amor, não há dever nem responsabilidade.

A maioria dos pais, infelizmente, pensa que são responsáveis por seus filhos, e seu senso de responsabilidade toma a forma de preceituar-lhes o que devem fazer e o que não devem fazer, o que devem ser e o que não devem ser. Querem que os filhos conquistem uma posição segura na sociedade. Aquilo a que chamam de responsabilidade faz parte daquela respeitabilidade que eles cultivam; e a mim me parece que, onde há respeitabilidade, não existe ordem; só lhes interessa o tornar-se um perfeito burguês. Preparando os filhos para se adaptarem à sociedade, estão perpetuando a guerra, o conflito e a brutalidade. Pode-se chamar a isso zelo e amor?

Zelar, com efeito, é cuidar como se cuida de uma árvore ou de uma planta, regando-a, estudando as suas necessidades, escolhendo o solo mais adequado, tratá-la com carinho e ternura; mas, quando preparais os vossos filhos para se adaptarem à sociedade, os estais preparando para serem mortos. Se amásseis vossos filhos, não haveria guerras.

Quando perdeis alguém que amais, verteis lágrimas; essas lágrimas são por vós mesmo ou pelo morto? Estais pranteando a vós mesmo ou ao outro? Já chorastes por outrem? Já chorastes o vosso filho, morto no campo de batalha? Chorastes, decerto, mas essas lágrimas foram produto de autocompaixão ou chorastes porque um ente humano foi morto? Se chorais por autocompaixão, vossas lágrimas nada significam, porque estais interessado em vós mesmo. Se chorais porque vos foi arrebatada uma pessoa em quem "depositastes" muita afeição, não se trata de afeição real. Se chorais a morte de vosso irmão, chorai por ele! É muito fácil chorardes por vós mesmo porque ele partiu. Aparentemente, chorais porque vosso coração foi atingido, mas não foi atingido por causa dele; foi atingido pela autocompaixão, e a autocompaixão vos endurece, vos fecha, vos torna embotado e estúpido.

Quando chorais por vós mesmo, será isso amor? - chorar porque ficaste sozinho, porque perdestes o vosso poder; queixar-vos de vossa triste sina, de vosso ambiente - sempre vós a verter lágrimas. Se compreenderdes esse fato, e isso significa pôr-vos em contato com ele tão diretamente como quando tocais uma árvore ou uma coluna ou uma mão, vereis então que o sofrimento é produto do "eu", o sofrimento é criado pelo pensamento, o sofrimento é produto do tempo. Há três anos eu tinha meu irmão; hoje ele é morto e estou sozinho, desolado, não tenho mais a quem recorrer para ter conforto ou companhia, e isso me traz lágrimas aos olhos.

Podeis ver tudo isso acontecer dentro de vós mesmo, se o observardes. Podeis vê-lo de maneira plena, completa, num relance, sem precisardes do tempo analítico. Podeis ver num momento toda a estrutura e natureza dessa coisa desvaliosa e insignificante, chamada "eu" - minhas lágrimas, minha família, minha nação, minha crença, minha religião - toda essa fealdade está em vós. Quando a virdes com vosso coração, e não com vossa mente, quando a virdes do fundo de vosso coração, tereis então a chave que acabará com o sofrimento.

O sofrimento e o amor não podem coexistir, mas no mundo cristão idealizaram o sofrimento, crucificaram-no para o adorar, dando a entender que ninguém pode escapar ao sofrimento a não ser por aquela única porta; tal é a estrutura de uma sociedade religiosa, exploradora.

Assim, ao perguntardes o que é o amor, podeis ter muito medo de ver a resposta. Ela pode significar uma completa reviravolta; poderá dissolver a família; podeis descobrir que não amais vossa esposa ou marido ou filhos (vós os amais?); podeis ter de demolir a casa que construístes; podeis nunca mais voltar ao templo.

Mas, se desejais continuar a descobrir, vereis que o medo não é amor, a dependência não é amor, o ciúme não é amor, a posse e o domínio não são amor, responsabilidade e dever não são amor, autocompaixão não é amor, a agonia de não ser amado não é amor, que o amor não é o oposto do ódio, como a humildade não é o oposto da vaidade. Dessarte, se fordes capaz de eliminar tudo isso, não à força, porém lavando-o assim como a chuva fina lava a poeira de muitos dias depositada numa folha, então, talvez, encontrareis aquela flor peregrina que o homem sempre buscou sequiosamente.

Se não tendes amor - não em pequenas gotas, mas em abundância; se não estais transbordando de amor, o mundo irá ao desastre. Intelectualmente, sabeis que a unidade humana é a coisa essencial e que o amor constitui o único caminho para ela, mas quem pode ensinar-vos a amar? Poderá uma autoridade, um método, um sistema ensinar-vos a amar? Se alguém vo-lo ensina, isso não é amor. Podeis dizer: "Eu me exercitarei para o amor. Sentar-me-ei todos os dias para refletir sobre ele. Exercitar-me-ei para ser bondoso, delicado e me forçarei a ser atencioso com os outros"? - Achais que podeis disciplinar-vos para amar, que podeis exercer a vontade para amar? Quando exerceis a vontade e a disciplina para amar, o amor vos foge pela janela. Pela prática de um certo método ou sistema de amar, podeis tornar-vos muito hábil, ou mais bondoso, ou entrar num estado de não-violência, mas nada disso tem algo em comum com o amor.

Neste mundo tão dividido e árido não há amor, porque o prazer e o desejo têm a máxima importância, e, todavia, sem amor, vossa vida diária é sem significação. Também, não podeis ter o amor se não tendes a beleza. A beleza não é uma certa coisa que vedes - não é uma bela árvore, um belo quadro, um belo edifício ou uma bela mulher; só há beleza quando o vosso coração e a vossa mente sabem o que é o amor. Sem o amor e aquele percebimento da beleza, não há virtude, e sabeis muito bem que tudo o que fizerdes - melhorar a sociedade, alimentar os pobres - só criará mais malefício, porque quando não há amor, só há fealdade e pobreza em vosso coração e vossa mente. Mas, quando há amor e beleza, sabeis amar, podeis fazer o que desejardes, porque o amor resolverá todos os outros problemas.

Alcançamos, assim, este ponto: Poderá a mente encontrar o amor sem precisar de disciplina, de pensamento, de coerção, de nenhum livro, instrutor ou guia - encontrá-lo assim como se encontra um belo pôr-de-sol?

Uma coisa me parece absolutamente necessária; a paixão sem motivo, a paixão não resultante de compromisso ou ajustamento, a paixão que não é lascívia. O homem que não sabe o que é paixão, jamais conhecerá o amor, porque o amor só pode existir quando a pessoa se desprende totalmente de si própria.

A mente que busca não é uma mente apaixonada, e não buscar o amor é a única maneira de encontrá-lo; encontrá-lo inesperadamente e não como resultado de qualquer esforço ou experiência. Esse amor, como vereis, não é do tempo; ele é tanto pessoal, como impessoal, tanto um só como multidão. Como uma flor perfumosa, podeis aspirar-lhe o perfume, ou passar por ele sem o notardes. Aquela flor é para todos e para aquele que se curva para aspirá-la profundamente e olhá-la com deleite. Quer estejamos muito perto, no jardim, quer muito longe, isso é indiferente à flor, porque ela está cheia de seu perfume e pronta para reparti-lo com todos.

O amor é uma coisa nova, fresca, viva. Não tem ontem nem amanhã. Está além da confusão do pensamento. Só a mente inocente sabe o que é o amor, e a mente inocente pode viver no mundo não inocente. Só é possível encontrá-la, essa coisa maravilhosa que o homem sempre buscou sequiosamente por meio de sacrifícios, de adoração, das relações, do sexo, de toda espécie de prazer e de dor, só é possível encontrá-la quando o pensamento, alcançando a compreensão de si próprio, termina naturalmente. O amor não conhece o oposto, não conhece conflito.

Podeis perguntar: "Se encontro esse amor, que será de minha mulher, de minha família? Eles precisam de segurança". Fazendo essa pergunta, mostrais que nunca estivestes fora do campo do pensamento, fora do campo da consciência. Quando tiverdes alguma vez estado fora desse campo, nunca fareis uma tal pergunta, porque sabereis o que é o amor em que não há pensamento e, por conseguinte, não há tempo. Podeis ler tudo isto hipnotizado e encantado, mas ultrapassar realmente o pensamento e o tempo - o que significa transcender o sofrimento - é estar cônscio de uma dimensão diferente, chamada "amor".

Mas, não sabeis como chegar-vos a essa fonte maravilhosa - e, assim, que fazeis? Quando não sabeis o que fazer, nada fazeis, não é verdade? Nada, absolutamente. Então, interiormente, estais completamente em silêncio. Compreendeis o que isso significa? Significa que não estais buscando, nem desejando, nem perseguindo; não existe nenhum centro. Há, então, o amor.


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terça-feira, 17 de março de 2009

Treinamento da mente

Olá andarilhos,

Existe um quadro na tradição oriental que mostra um homem guiando cavalos numa carruagem. O homem está desesperado, porque os cavalos estão todos fora de controle, indo um para cada lado, e há um abismo logo a frente. Esse desenho representa o homem, o ser humano.
No nosso dia a dia, muitas vezes somos levados por nossas paixões e emoções, e nosso estado muda da paz interior para a tensão rapidamente – é muito fácil perder o equilíbrio. Nossas paixões são como os cavalos da pintura: se não temos controle sobre eles, eles correm livremente, levando-nos à miséria e ao sofrimento. Como já coloquei num post aqui, essa é a temática da batalha de Arjuna.
Mas é necessário lembrar, novamente, que não devemos reprimir nossas emoções e paixões, mas sim compreendê-las melhor. É uma questão de auto-observação: quando a tempestade vier, apenas observe. Ela irá embora do mesmo modo como veio.
Existem métodos para ajudar-nos nessa difícil tarefa de entender quem realmente somos, e pretendo listá-las aqui ao longo do ano. Elas são muito úteis, mas a prática no dia-a-dia é fundamental – é quando lidamos com outras pessoas que os desafios acontecem. Como diz o Dalai Lama, é muito fácil ser paciente quando não há ninguém lhe importunando. O perdão só tem valor quando perdoamos o imperdoável.
Hoje vou citar uma técnica do livro Initiation to Hermetics, de Franz Bardon.

1.Sente-se numa cadeira confortável ou deite-se. Relaxe todo o corpo, feche seus olhos e observe a cadeia de seus pensamentos por cinco minutos, tentando retê-los. No começo, você vai perceber que sua mente será inundada com pensamentos relativos aos afazeres do dia-a-dia, preocupações pessoais e coisas do tipo. Comporte-se como um observador silencioso sobre essa cadeia de pensamentos, livre e independente. Dependendo de sua mentalidade e da sua situação mental, esse exercício pode ser mais ou menos difícil para você. O importante é não se esquecer de si mesmo, nem perder a sequência de pensamentos, mas ficar atento. Tome cuidado para não dormir enquanto pratica esse exercício. Se estiver muito cansado, deixe para depois. Os indianos jogam água gelada no rosto ou esfregam a face e a parte de cima do corpo para permanecerem acordados e atentos. Um pouco de respiração profunda antes de começar ajuda contra o sono e o cansaço. Esse exercício deve ser feito de manhã e à noite. Ele deve ser extendido em um minuto a cada dia para permitir que a sequência de pensamentos seja controlada sem a menor interferência por pelo menos 10 minutos depois de uma semana de treinamento.

Resumidamente, é só ficar atento enquanto observa seus pensamentos, sem esquecer-se de si mesmo. É recomendável ter um caderno para ir anotando seus progressos; ele também será muito útil nos próximos exercícios que irei passar aqui. Semana que vem eu vou postar o próximo exercício, para ser feito após uma certa prática nesse primeiro.

Até semana que vem, andarilhos!

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segunda-feira, 9 de março de 2009

Mente em Movimento

Dois homens estavam discutindo sobre uma bandeira que tremulava ao vento:
"A bandeira está se movendo." declarou o primeiro.
"Não; na verdade, é o vento que está se movendo." contestou o segundo.
Um mestre Zen, que por acaso passava perto, ouviu a discussão e os interrompeu dizendo: "Nem a bandeira nem o vento estão se movendo," disse, "É a MENTE que se move."

Essa parábola, apesar de curta, esconde um significado muito grande. Quando o mestre diz que é a mente que se move, ele está dizendo que na verdade os fenômenos do mundo externo só acontecem no mundo interno, dentro da gente. Isso é um pouco estranho, mas pare para pensar: quando a bandeira se move, nós captamos a imagem e ela chega ao nosso cérebro. Mas essa parábola quer dizer mais do que isso.

Para ajudar na explicação, vou citar outra história muito interessante: Quando a Índia finalmente conseguiu sua independência da Inglaterra, um repórter perguntou à Mahatma Gandhi: “você perdoa os ingleses por tudo que eles fizeram?”. Ora, os ingleses tornaram a vida dos indianos, os nativos que estavam lá antes deles, um inferno. Eram escravos na própria terra, e eles sofreram muito até aquele momento. O próprio Gandhi foi preso inúmeras vezes por seus protestos pacíficos. Mas a resposta de Ghandhi foi: “Eu não os perdôo, porque não há nada a ser perdoado. Eles nunca me ofenderam.” A ação da ofensa é auto-causada: quando uma pessoa lhe insulta, você se ofende. A semântica da frase diz tudo: perante o insulto, nós escolhemos se vamos ficar ofendidos ou não. Depende de como interpretamos o que está acontecendo; A mente se ofende. As coisas, na verdade, estão todas acontecendo dentro de nós, dentro de nossa mente – nada fora dela.
É um conceito difícil de apreender, mas faz muito sentido. Todas nossas emoções, sentimentos e reações acontecem a partir do que estamos interpretando das informações que estamos recebendo. A raiva, a paixão, o amor... é como entendemos o mundo. E esse entendimento é o modo como “construímos” o nosso mundo. O homem não é imparcial; tudo o que percebemos passa automaticamente pelo crivo das nossas experiências e crenças. Assim, uma pessoa que acha a vida na cidade grande uma coisa maravilhosa, vai ficar maravilhada quando for visitar uma metrópole; do mesmo modo, uma pessoa que acha que a cidade grande é ruim, vai achar horrível. É uma via de duas mãos: a informação entra, o juízo de valor sai.

Desse modo, estamos constantemente julgando as coisas em nossa mente, impondo nossas visões e preconceitos sobre as coisas do mundo que apenas são. É a mente que se move. É por isso que os mestres dizem que a maior parte dos problemas do homem são causados por ele mesmo. Porque não existe mais ninguém para causá-los – apenas ele mesmo. É comum do ser humano culpar as coisas externas pelos seus problemas, é uma forma de escapar. Mas isso é apenas uma mentira, uma ilusão – só você mesmo pode fazer algo para se melhorar, e melhorar o mundo que se vive. É claro, precisamos de ajuda dos outros – mas novamente, é nossa mente que vai escolher se abrir para um conselho ou rejeitá-lo se não for conveniente.
Isso nos leva à reflexão final: Até que ponto estamos ofendendo a nós mesmos? Até que ponto estamos nos auto-infringindo sofrimento? E até que ponto estamos colocando a culpa disso em coisas e pessoas à nossa volta?
“As above, so below”

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terça-feira, 3 de março de 2009

O Guerreiro salta para dentro do abismo


Salte para dentro do abismo. Arrisque tudo e se lance nele.

Mesmo que tudo ao redor pareça indicar que você vai morrer, é preciso correr esse risco. Na última hora, a mão do Onipotente o salvará. Você passará fome e frio. Sentirá espasmos de horror enquanto seu corpo cair. Mas não hesite. Se hesitar, vai morrer.
Confie que nada vai lhe acontecer. E suave será a sua aterrissagem.

Um momento de escolha. É sobre isso que fala o texto acima. O momento quando o caminho termina, e só podemos escolher parar ou pular. E nunca devemos parar, parar na vida é atrasar, deixar as coisas passarem não pode ser uma opção, apesar de momentos de reflexão serem importantes para a tomada das decisões, nunca se tem certeza absoluta de nada.

Então, quando escolher, escolha com o coração e a alma, eles são o seu guia na sua vida, nunca os abandone pela racionalidade. O racional pode te ajudar nas coisas racionais, o mundo das coisas é racional, as coisas metódicas, periódicas e somáveis, no 1+1=2 da vida. Mas a felicidade não é somável, tampouco racional. A felicidade é um estado espiritual. Não existe nada no mundo material que atinja as coisas do mundo espiritual, mas um único homem que atinge plenitude no mundo espiritual, é capaz de modificar o mundo material por completo, e assim funcionou com grandes almas, como Jesus, que momentos antes de ser traído por Judas sentiu medo, mas mesmo assim entregou seu destino nas mãos de Deus e deu a sua vida por amor a nós. Mesmo ainda, quando Sidarta Gautama na calada da noite, sem se despedir de ninguém por ter medo de não conseguir partir se o fizesse, abandonou seu palácio, sua família e sua vida de príncipe para viver como mendigo e passar por várias provações. Eles entre outros, seguiram seus corações e saltaram nos abismos. Tiveram medo, sofreram, mas venceram.
Portanto, se arrisque, salte. Confie no seu coração. Porque o sofrimento é inevitável na vida, mas a felicidade só pode ser alcançada sendo verdadeiro consigo mesmo.

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