segunda-feira, 31 de março de 2008

Mudando o mundo

Recebi no meu e-mail um texto magnífico falando sobre mudar o mundo. Como é um texto que reflete o que penso, resolvi colocá-lo aqui. Eu o recebi da newsletter do site Somos Todos Um.

Osho,
"Você é o mundo". Esta é uma das colocações de Krishnamurti que causam confusão... Você poderia dizer algo sobre isso?
A colocação de J. Krishnamurti de que "Você é o mundo" não é confusa de maneira alguma. É muito simples... O mundo é apenas um nome; o indivíduo é a realidade.
...Palavras como o "mundo", a "sociedade”, a "religião", a "nação", são meras palavras sem nenhum conteúdo por trás delas - caixas vazias. Exceto você, não existe mundo.
Essa é uma maneira de compreender a colocação: que o indivíduo é a única realidade. E o mundo não é nada mais do que a coletividade de indivíduos, então, seja lá o que for, é uma contribuição de indivíduos... Você não pode jogar a responsabilidade em alguém mais; você tem de aceitar a responsabilidade sobre os seus próprios ombros.

... Você pode ser contra a guerra, pode ser um pacifista, pode ser um manifestante crônico - sempre com uma bandeira protestando contra a guerra, contra a violência.
... Mas a vida é um fenômeno complexo. Os seus protestos, o seu pacifismo, a sua luta contra a guerra ainda é parte da guerra; você não é um homem de paz.
E você pode observar isso quando as pessoas protestam - a sua raiva, a sua violência é tão óbvia que a gente pensa por que essas pessoas estão protestando contra a guerra... Uma boa máscara, mas por dentro está a mesma raiva, o mesmo ódio, a mesma violência, a mesma destrutividade contra qualquer pessoa que não concorda com elas.

... A colocação de J. Krishnamurti de que "Você é o mundo" simplesmente enfatiza o fato de que todo indivíduo, onde quer que esteja, seja lá o que for que faça, deve aceitar a responsabilidade de criar esse mundo que existe ao nosso redor.
Se ele é insano, você contribuiu para essa insanidade da sua própria maneira. Se ele é doente, você também é um parceiro em torná-lo doente. E a ênfase é importante - porque a menos que você compreenda que "eu também sou responsável por esse mundo insano e miserável," não existe possibilidade de mudança. Quem vai mudar? Todo mundo acha que alguém mais é responsável.
... Se estiver sofrendo, se estiver miserável, se estiver tenso, cheio de ansiedades, angústia, não apenas se console dizendo que este mundo é feio, que todos os demais são feios, que você é uma vítima.
J. Krishnamurti está dizendo que você não é uma vítima, você é um criador deste mundo insano; naturalmente, você tem de participar no resultado de seja lá o que for que tenha contribuído. Você está participando em jogar as sementes, estará participando ao colher a colheita também; você não pode escapar.
Para tornar o indivíduo ciente, de forma que ele pare de jogar a responsabilidade nos outros - do contrário, ele começa a olhar para dentro para ver de que maneira ele está contribuindo para toda essa loucura - existe uma possibilidade de que ele possa parar de contribuir.

... Aceitar a sua responsabilidade irá transformá-lo e a sua transformação é o começo da transformação do mundo - porque você é o mundo. Seja lá o quão pequeno for, um mundo em miniatura, mas você carrega todas as sementes. Se a revolução acontece em você, ela carrega a revolução para o mundo todo.
... Se você quiser mudar o mundo, não comece mudando o mundo - essa é a maneira errada que a humanidade tem seguido até agora... Somente uma revolução pode ser bem sucedida, o que não foi tentado até agora - e essa é a revolução do indivíduo.
Mude você mesmo. Esteja alerta para não contribuir com qualquer coisa que torne o mundo um inferno. E lembre-se de contribuir com alguma coisa para o mundo que o torne um paraíso.

... Nenhuma revolução pode ter sucesso a menos que a mente humana seja compreendida pelos seres humanos e eles comecem a se comportar de maneira diferente... Escapar para o Himalaia não vai ajudar porque, mesmo no Himalaia, a sua mente permanecerá a mesma, apenas você não terá a oportunidade de saber disso.
... É um fato simples: as pessoas que escaparam do mundo não acham que são responsáveis por este mundo. Escapando, elas não mudaram o mundo... nem passaram por uma mudança interna nelas mesmas. Por essa razão eu sou contra renunciar ao mundo.

Fique no mundo, seja lá o quão difícil for - porque é apenas no mundo que será lembrado, em cada passo, que tipo de mente você está carregando por dentro. E essa mente é projetada no lado de fora e se torna enorme porque tantas mentes estão projetando da mesma maneira.
"Você é o mundo" não é uma colocação matemática.
"Você é o mundo" é um insight psicológico.
E pode se tornar a própria chave para a única revolução que pode acontecer.

Osho, em Sermons in Stones

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terça-feira, 18 de março de 2008

"Bem aventurados os puros de coração"

“Pobre pelo espírito” é aquele que se libertou interiormente de todo o apego a qualquer objeto externo.

“Puro de coração” é aquele que se libertou, não só dos objetos externos, mas também do sujeito interno, isto é, daquilo que ele idolatrava com sendo o seu sujeito, o seu eu, embora fosse apenas o seu pseudo-eu, o seu pequeno ego-físico mental.

De maneira que ser puro de coração é ainda mais glorioso do que ser pobre pelo espírito; ser interiormente livre da obsessão do ego vivo é mais do que ser livre da escravidão da matéria morta. Aliás, ninguém pode ser realmente livre da matéria morta dos bens externos sem ser livre da ilusão do ego vivo, porque tudo que eu chamo “meu” é apenas um reflexo e uma conseqüência do meu falso “eu”, o ego físico-mental; se o meu falso eu se tivesse integrado no verdadeiro Eu, que é o Universo em mim, não teria eu necessidade alguma de me apegar àquilo que chamo “meu”, os bens individuais.

A definitiva integração do pequeno ego físico-mental no grande Eu racional-espiritual é que é pureza de coração, que garante uma visão clara de Deus.Ninguém pode ver claramente o Deus transcendente do universo de fora antes de ver nitidamente o Deus imanente do universo de dentro.

O egoísta impuro não pode ver a Deus, que é amor puríssimo. O egoísmo, portanto, a egolatria, equivale a uma cegueira mental. Entre o Deus-amor e o homem egoísta se ergue, por assim dizer, uma muralha opaca que intercepta a luz divina. Enquanto o homem não ultrapassar as estreitas barreiras do seu ego personal, está com os olhos vendados, separados de Deus por uma camada impermeável à luz, que é a impureza de coração. Por mais que um ególatra ouça falar de Deus, nada compreende, porque compreender supõe ser. Ninguém pode compreender senão aquilo que ele vive ou é no seu íntimo ser.Entender é um ato mental, mas compreender é uma atitude vital; entender mentalmente é uma função parcial, unilateral do nosso ego humano – compreender é uma vivência total, unilateral, do nosso Eu divino. Quem não é divino não pode saber o que é Deus.

Estas são partes de um texto q eu li em um livro do Huberto Rohden, ele realmente me surpreende com a profundidade e sabedoria que escreve, são realmente palavras de um homem que passou a vida buscando as respostas, respostas que nos auxiliam nesses textos complicados. =]

Mas como fazer para colocar em prática tudo isso? Como então iremos transpor essas barreiras, criadas por nós mesmos, para adiante podermos desfrutar do Amor, que é Deus na sua essência... como o próprio Huberto diz, devemos praticar exercícios diários; exercícios de altruísmo, amor ao próximo, solidariedade, benevolência universal (pelas palavras dele). E com isso, nos tornarmos aos poucos menos egoístas e egocêntricos, para podermos tirar a venda que está em nossos olhos.

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"Bem-aventurados os pobres pelo espírito"

Jesus proclama bem-aventurados, cidadãos do reino dos céus, agora e aqui mesmo, todos aqueles que são pobres, ou desapegados dos bens terrenos, não pela força compulsória das circunstâncias externas e fortuitas, mas sim pela livre e espontânea escolha espiritual; os que, podendo possuir bens materiais, fiéis ao espírito de Cristo: “ Não acumuleis para vós bens na terra – mas acumulais bens nos céus”.

Essa libertação da escravidão material pela força espiritual supõe uma grande experiência e iluminação interna. Ninguém abandona algo que ele considera valioso sem que encontre algo mais valioso. Quem não encontrou o “ tesouro oculto” e a “pérola preciosa” do reino dos céus não pode abandonar os pseudotesouros e as pérolas falsas dos bens da terra. É da íntima psicologia humana que cada um retenha aquilo que ele julga mais precioso.

O verdadeiro abandono, porém, não consiste numa fuga ou deserção externa, mas sim numa libertação interna. Pode o milionário possuir externamente os seus milhões, e estar internamente liberto deles – e pode também um mendigo não possuir bens materiais e, no entanto, viver escravizado pelo desejo de os possuir, e, neste caso, é ele o escravo daquilo que não possui, assim como o milionário pode ser livre daquilo que possui. Este possui sem ser possuído – aquele é possuído pelo que não possui.

O que decide não é possuir ou não possuir externamente – o principal é saber possuir ou não possuir. Ser rico ou ser pobre são coisas que nos acontecem, de fora – mas a arte de saber ser rico ou ser pobre, é algo que nós produzimos, de dentro. O que nos faz bons ou maus não é aquilo que nos acontece, mas sim o que nós mesmos fazemos e somos.

A verdadeira liberdade, ou seu contrário, consiste numa atitude do sujeito, e não em simples fatos dos objetos.

“O que de fora entra no homem não torna o homem impuro – mas o que de dentro sai do homem e nasce em seu coração, isto sim torna o homem impuro” – ou também, puro, comforme a índole desse elemento interno.

Ser rico não é pecado – ser pobre não é virtude.

Virtude ou pecado é saber ou não ser rico ou pobre.

Naturalmente, quem é incapaz de se libertar internamente do apego aos bens materiais sem os abandonar externamente, esse deve ter a coragem e sinceridade consigo mesmo de se despossuir deles também na plano objetivo, a fim de conseguir a “pobreza pelo espírito”, isto é, a libertação interior. Aquele jovem rico do Evangelho, ao que parece, era incapaz de possuir sem ser possuído; por isto, o divino Mestre lhe recomendou que se despossuísse de tudo a fim de não ser possuído de nada – mas ele falhou. E por isto se retirou, triste e pesaroso, “porque era possuidor de muitos bens”.

Possuidor? Não – era possuído de muitos bens.

Bem-aventurados os pobres pelo espírito, os que, pela força do espírito, se emanciparam da escravidão da matéria. Deles é o reino dos céus, agora, aqui, e para sempre e por toda a parte, porque, sendo que o reino dos céus está dentro do homem, esse homem leva consigo o reino da sua felicidade aonde quer que vá...

O nosso pequeno ego humano é muito fraco, e necessita de ser escorado por muitos bens materiais, para se sentir um pouco mais forte e seguro – mas o nosso Eu divino é tão forte que pode dispensar essas escoras e muletas externas e sentir-se perfeitamente seguro pela força e segurança do Eu...

Bem-aventurado esse pobre de ego – e esse rico do Eu!...

Dele é o reino dos céus!...

Esse texto explana brilhantemente sobre este trecho do sermão da montanha, dando-nos uma visão diferente da que estamos acostumados... particularmente, eu concordo plenamente com uma frase dita por Gandhi sobre este sermão: "Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse O Sermão da Montanha, nada estaria perdido."
Espero q tenham gostado =]

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A batalha de Arjuna

Aceitar as consequências de sermos quem somos

O Bhaghavad Gita, Um dos textos mais antigos sobre religião, relata a guerra vivida por Arjuna – um jovem príncipe da casta dos guerreiros que está para herdar o trono. Porém seus parentes também querem seu trono; e de tal cobiça nasceu uma guerra. Ao ver todos seus parentes no campo de batalha, Arjuna se entristece e diz à Krishna: “Ó Senhor, qual é o sentido de lutar essa guerra, se vejo todos os meus entes queridos contra mim? Mesmo se vencer essa batalha, com quem compartilharei a vitória? Não vejo sentido em lutar uma guerra em que todos os que amo morrem – antes preferiria deixar que me derrotassem.”

Krishna, que é o Senhor Supremo encarnado na terra, diz ao seu discípulo: “Ó Arjuna! Pare de choramingar! Enche-te de coragem contra teus inimigos e seja quem verdadeiramente você é!” Aparentemente, não se trata de uma história muito espiritual – mas existe uma interpretação dessa passagem que dá um sentido completamente novo à história.

Diz-se que, nessa história, os parentes de Arjuna representam nossos sentidos e nossas emoções. Eles querem tomar o controle sobre nós. porém Arjuna não quer enfrentar a batalha por que são seus parentes – não queremos subjugar esses três aspectos de nós mesmos porque eles fazem parte de nós, porque gostamos deles, nos apegamos a eles. Quando somos dominados, nossas emoções nos levam à esmo assim como um pequeno barco no meio de uma tempestade. E isso causa muito sofrimento a nós mesmos.

“Enche-te de coragem contra teus inimigos!” não devemos suprimir nossas emoções nem nossos sentidos. Não é disso que se trata; mas antes apenas dominá-los em vez de deixar que eles nos dominem. Assim poderemos ver mais claramente quem realmente somos, livres de apego dos sentidos e emoções, para então vivê-los de forma consciente.

Essa pequena passagem ainda traz mais um significado. “Seja quem verdadeiramente você é!”. Arjuna era da casta dos guerreiros, mas pela sua tristeza não queria lutar. O mesmo acontece conosco muitas vezes: existe algo em que acreditamos muito, mas levados por razões alheias acabamos compactuando com coisas que não acreditamos, ou deixamos nossos ideais para trás porque achamos não termos forças para realizá-los. Acredito que temos que ser condizentes com aquilo que acreditamos interiormente e aceitar as consequências disso, mesmo que possamos ser prejudicados, ameaçados ou excluídos. Afinal, o que vale mais a pena na vida que a verdade?

Que Arjuna possa vencer o trono em nós.

É isso aí Thiagão, estou postando para você enquanto as coisas estão se estrutuando =]
Belo texto.
Primeiro de muitos!!!

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Bem-vindos!

Esse blog nasceu de uma idéia, que surgiu de uma das várias conversas que eu e o Thiago tínhamos sobre assuntos diversos, mas que permeavam pelo mesmo tema: a espiritualidade. Então, por meio desse blog, vamos deixar alguns textos que achamos interessantes a disposição para quem quiser lê-los.
Ficamos felizes com a sua visita e que esses textos lhe sirvam como serviram a nós!

Abraços.

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